Preso ex-PM suspeito de abusar de três crianças da mesma família: “medo de morrer na prisão”

By 17 de junho de 2024Brasil, Justiça, Machismo mata

O policial militar reformado Roberto Emídio Pereira, foi preso por suspeita de abusar sexualmente de pelo menos três crianças de uma mesma família em Brasília e em Goiás. Ele responde pelos crimes de estupro de vulnerável e ameaça, e foi preso na última quarta-feira (12), em Uberlândia. Em conversa pelo whatsapp com o pai das crianças que foram vítimas, o suspeito confessou os abusos e disse ter “medo de morrer na prisão”.

O g1 teve acesso às mensagens em que o policial confessa os abusos contra o menino de 10 anos e diz que “não chegou a machucá-lo”. Roberto também tenta subornar o pai das crianças e pede que ele retire as queixas, uma vez que as penas são pesadas para policiais.

O policial reformado estava foragido desde agosto de 2023. A prisão foi realizada pela PF com o apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) e o Grupo de Capturas da Polícia Federal.

Por ser policial militar reformado, ele está preso no batalhão da PM em Uberlândia.

O crime

Em fevereiro de 2023, um amigo de Roberto há mais de 30 anos, denunciou à Polícia Militar que o filho de 10 anos havia sido abusado sexualmente pelo policial durante uma viagem que fizeram juntos para Caldas Novas (GO).

Segundo a família, eles convidaram Roberto para o passeio e ficaram hospedados no mesmo apartamento. Durante a estadia em Caldas Novas, o policial reformado e o menino de 10 anos dormiram na sala, sendo a criança no sofá e Roberto em um sofá-cama.

Em depoimento, o menino relatou que dormia quando sentiu o “tio Roberto” deitar ao lado, abaixar o short e cometer o abuso. A criança contou, ainda, que após o ocorrido precisou ir ao banheiro se limpar diversas vezes devido a um líquido nas nádegas.

Após a criança contar para os pais sobre o ocorrido, a filha mais velha do casal, de 17 anos, também afirmou que era abusada pelo policial desde os 10 anos e que “não era mais virgem”. Em seguida, a outra filha do amigo, de 14 anos, disse ter sido abusada algumas vezes por Roberto.

Roberto e o pai das crianças se conhecem desde 1991 quando serviram o serviço militar obrigatório no Distrito Federal. Segundo ele, o policial nasceu e viveu por um tempo em Pires do Rio (GO), se mudando para Uberlândia em seguida, onde ingressou na Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).

Até a data do crime, Roberto Emídio estava na reserva remunerada da PM e fazia parte de um moto clube de agentes da segurança pública, em Águas Claras (GO). Ele também se mostrava bastante religioso e fazia parte de uma igreja evangélica, em Uberlândia.

De acordo com o delegado da PF, Felipe Garcia, o policial se aproveitava da religiosidade para criar uma falsa reputação de bom homem e se aproximar das famílias das crianças abusadas.

Roberto mantinha uma imagem de homem tradicional e explorava o cargo na policia para ganhar a confiança das pessoas. Ele se aproveitava dos momentos que ficava sozinho com as vítimas para cometer os abusos.

Ao todo, o policial responde pelos crimes de estupro de vulnerável e ameaça.

Perfil dos abusadores

Dados do Anuário de Segurança Pública, relativos a 2021, apontam que 58,8%  das notificações dos crimes de estupros no Brasil, foram cometidos contra crianças e adolescentes. Outro dado alarmante: do total de 45.994 estupros de vulnerável, 35.735, ou seja, 61,3%, foram cometidos contra meninas entre 10 e 13 anos.

Ainda de acordo com o Anuário, 82,5% dos abusadores são homens do convívio social das vítimas, sendo que 40,8% eram pais ou padrastos; 37,2% irmãos, primos ou outro parente e 8,7% avós. O local da violência também permanece o mesmo: 76,5% dos estupros acontecem dentro de casa.

Esses dados apontam que as políticas de prevenção são extremamente mais urgentes que as ações de repressão. E quando se fala em prevenir um crime que acontece dentro de casa, longe dos olhos das autoridades e do poder público, essa conta fica difícil de fechar, especialmente no atual contexto de fanatismo religioso e avanço da extrema-direita.

 

da redação, com informações do g1

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