Por Flávia Martinelli
Elas se uniram e montaram a loja colaborativa Evelyn Daisy perto da nobre avenida Paulista. Foto: Reprodução/Facebook |
Com reportagem de Hysa Conrado, especial para o blog MULHERIAS Cada uma tem sua própria marca, produz e vende seus produtos em feiras e eventos. Para fazer entregas de compras online, o jeito era marcar encontro com as clientes em alguma linha do metrô de São Paulo. Parecia impossível o sonho da lojinha num ponto de vendas “tipo cartão postal”, perto da Avenida Paulista. O centro financeiro e cultural estava bem distante da realidade das sete empreendedoras de origem periférica que tinham muito pouco para arriscar em investimentos. Sem falar do medo da crise.
Dados deste mês da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que a maioria dos consumidores, 61%, avaliam o atual cenário econômico ruim ou muito ruim. Juntas, no entanto, elas mantêm há sete meses, na rua Itapeva, travessa da famosa Paulista, a loja colaborativa Evelyn Daisy, nome da articuladora do grupo, que gastou R$ 2 mil numa reforma para reunir num único espaço a venda de produtos de manas das quebradas.
“Não é uma multimarcas, é uma loja que oferece produtos diversos de marcas que colaboram entre si, nas ideias, no empréstimo de cabides, etiquetas, embalagens e até infraestrutura”, conta a empreendedora de 36 anos que é cabeleireira trancista, modelo e produtora de moda e beleza em projetos voluntários de empoderamento feminino negro e periférico. Ela ainda tem uma grife plus size e é cantora de uma banda que defende a diversidade. Contrariando o pessimismo do mercado e os prognósticos dos baixos índices de consumo, ela conta que todas as marcas na loja dão lucros.
“Há lucros melhores, como acontece na época do Natal, e meses mais modestos, claro. Mas sempre maiores do que esperávamos diante do baixo investimento”, diz Evelyn. “Sem contar a praticidade de oferecer às clientes do online a retirada na loja, onde elas podem experimentar a peça! Imagina antes? A empreendedora ia até o metrô, a cliente levava para casa. Se não servia, tinha que ir de novo fazer a troca! Um desgaste físico, psicológico e financeiro”.
As empreendedoras seguem os princípios da Economia Solidária. O conceito e a prática, inventados por operários no início do século 20, negam a separação entre o trabalho e a produção dos produtos. No Brasil, o maior especialista no assunto, o economista Paul Singer (1932- 2018), valida o entusiasmo das empreendedoras: “a Economia Solidária cresce em função das crises sociais”, escreveu. Trocando em miúdos, o “compre de quem faz” tem tudo a ver com a “união faz a força”.
Não por acaso, portanto, essa proposta mais humana de comercialização deu margem para Evelyn ir além dos produtos e contar para os clientes a história do grupo e as trajetórias das mulheres que os produzem as roupas, acessórios ou objetos de decoração. “Dividimos o aluguel, os riscos e, claro, nossas vivências. Porque para as empreendedoras que estão aqui, o negócio tem a ver com a necessidade de suprir sua família, fomentar uma comunidade e se realizar enquanto cidadã”, diz Evelyn.
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