O mercado de influência é frequentemente associado a hábitos digitais das gerações mais novas e a produtores de conteúdo igualmente jovens. O público sênior, no entanto, está começando a se apropriar de ferramentas digitais para dar voz a canais de conteúdo.
No exterior, personalidades como Iris Apfel, de 94 anos, e Lyn Slater, com 63, tornaram-se cases emblemáticos de instagrammers que desafiam paradigmas de idade no mercado de influência. No Brasil, destaca-se o trio Helena Wiechmann, 90 anos; Sonia Bonetti, 80 anos; e Gilda Bandeira de Mello, 76. Juntas, elas estrelam o canal Avós da Razão, no YouTube, onde comentam semanalmente sobre temas sugeridos via WhatsApp – que vão desde a legalização da maconha e sexo até a ditadura militar.
“As pessoas mais velhas foram colocadas neste lugar de não poder ter opinião, não poder sair ou beber, por exemplo. Trazemos vários signos para quebrar preconceitos e tabus em relação este público”, conta Cássia Camargo, produtora do canal, que foi escolhido pelo Youpix para participar do projeto de aceleração Creators Boost em 2018.
O objetivo, além de dar voz às avós, é também gerar negócios. “Sabemos precificar e vemos o canal como um negócio, onde as avós podem ser personagens em projetos de marca”, acrescenta Cássia. Embora o projeto seja ainda pequeno, com 2 mil seguidores, as integrantes têm negociado ações com algumas marcas, a serem concretizadas em breve.
Já Rosangela Marcondes, 63, que em 2013 criou o blog Domingo Açucarado para falar de temas como bem-estar, artesanato e moda. “Na época, eu estava pensando na minha aposentadoria e comecei a pensar sobre o que faria com meu tempo ocioso”, relembra Rosangela. Aos poucos, foi conquistando novos fãs para o blog que hoje chega a 150 mil seguidores no Facebook. Depois de ingressar em cursos sobre longevidade na USP, também passou a tocar outro projeto no Instagram, o It Avó, onde fala sobre o tema.
“Meu objetivo é falar de assuntos próprios aos longevos. Existem estereótipos de ‘velho’ que não combinam com o que é a nossa geração”, diz Rosangela ao se referir à representação do idoso “super-herói” ou “ranzinza”. “Desejamos ser melhor representados, pois a maioria de nós são pessoas comuns e que apenas gostariam de ser vistas, ouvidas e entendidas”, afirma.
O objetivo, além de dar voz às avós, é também gerar negócios. “Sabemos precificar e vemos o canal como um negócio, onde as avós podem ser personagens em projetos de marca”, acrescenta Cássia. Embora o projeto seja ainda pequeno, com 2 mil seguidores, as integrantes têm negociado ações com algumas marcas, a serem concretizadas em breve.
A longo prazo, a atividade de influenciador pode se tornar uma realidade para muitos outros brasileiros. “A população vai viver cada vez mais, e as redes sociais podem trazer não só uma atividade de lazer, mas um suporte financeiro para muitas pessoas”, avalia Clea Klouri, sócia da consultoria Hype60+.
Texto e Foto: Meio e Mensagem