Desde a estreia da novela global “A Dona Do Pedaço”, às 21h, a personagem Lyris (Deborah Evelyn) tem se desdobrado para seduzir o marido Agno (Malvino Salvador), que anda bem desinteressado.
Ela já apareceu de lingerie sensual, em outro momento surgiu nua mesmo, colocou alguém para vigiá-lo e descobrir possíveis amantes, o levou para transar no carro… mas Agno só foge. Ao ver o desespero da mulher, o irmão e a mãe da personagem, vividos respectivamente por Reynaldo Gianecchini (Régis) e Nathália Timberg (Gladys), decretam: ou ele tem outra ou Lyris já passou da idade mesmo. “Está caída”, como a própria mãe a define.
O público já sabe o motivo: o personagem irá se envolver com um homem daqui um tempo. Mas independentemente disso, será que a mulher precisa mesmo se submeter a tanta humilhação para prendê-lo?
A Universa separou algumas situações vividas por Lyris e contou com a análise da psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal, Marina Simas. Especialista em Sexualidade Humana pela USP e em Terapia de Casal e Família pela PUC-SP, ela explica porque alguns “conselhos infalíveis” para “salvar o casamento” estão ultrapassados. E aponta caminhos.
1. Lingerie nova não salva casamento No capítulo de 28 de maio, Gladys (Nathália Timberg) ouve a filha reclamando da falta de interesse do companheiro e conclui: “seu marido está precisando de um incentivo”. Em seguida, manda a filha usar a lingerie nova que comprou.
“Se o homem não tem o desejo, não há lingerie que o faça ter”, afirma Marina. Esse tipo de conselho pode até gerar uma frustração maior, uma vez que a mulher criará expectativas. O correto seria os dois trazerem estímulos. Não é a mulher a única responsável pelo relacionamento, ensina a especialista.
2. Supor que o marido desinteressado tem um amante.
Colocar essa pulga atrás da orelha na mulher definitivamente não ajuda. E a especialista mostra: isso gera uma insegurança muito maior e só vai aumentar as desilusões, muitas vezes deixando as pessoas obsessivas. Sem contar que em alguns casos não é nada disso, e a pessoa sofre à toa. Que tal sentar e conversar?
3. Tentar voltar o passado para “reacender a chama”
Seguindo nessa toada de apimentar a relação, Lyris encontra o marido no trabalho e o leva para comer cachorro-quente num lugar onde costumavam frequentar no início do namoro. Ele acha “ridículo”, porque ali, segundo o empresário, é lugar de gente que tem metade da idade do casal. Ela insiste que os dois precisam se reciclar e sugere “se lambuzar” no carro. Tentar reanimar a paixão do início da relação é furada.
“Às vezes, aquela fantasia inicial do casal cabia naquele momento, mas com o passar do tempo, outras surgem. Aquela coisa maluca, a paixão inicial, não volta mais com a mesma pessoa. O cenário mudou”, avisa Marina. Quando chega a uma situação como essa, o casal deve avaliar se está em sintonia para assim conseguir criar alternativas.
4. Salvar relação sozinha é impossível
Após conhecer Gilda (Heloísa Jorge) numa loja, Lyris deu a maior força para a mulher de Amadeu (Marcos Palmeira) trabalhar como corretora na empresa do marido. Mas não foi de graça: a mulher pediu que a fisioterapeuta descobrisse algum deslize de Agno. A justificativa: “eu tenho que salvar o meu casamento”. Gilda concordou: “Qual mulher não faz tudo para salvar o casamento?”
Por ter o lado maternal, a mulher culturalmente carrega nas costas a missão de salvar algo e toma esse tipo de atitude, que Marina Simas vê como uma roubada.
“Como se o controle segurasse o desejo de alguém”. Quando qualquer outra pessoa de fora vê uma situação dessa, orienta a especialista, deve ajudar a mulher a perceber o quanto ela já foi longe demais.
5. Pensar nisso 24h por dia anula a mulher
Inspirada num livro sobre relacionamentos, Lyris diz para a mãe que irá receber o marido nua. “É infalível”, garante ela à Gladys. Promessa feita, Agno se depara com a mulher deitada, sem roupas, com uma taça de bebida na mão. Ele se assusta: “Ficou louca? Você tá ridícula!”, reage o empresário. A mulher não enxerga a humilhação do marido e ainda pergunta se precisa de um cirurgião plástico. Talvez por dependência — financeira e emocional — Lyris não percebe como está levando sua autoestima para o buraco.
“Ela sente que precisa dele. Não é uma escolha. A partir daí, não tem limites e entra a humilhação. A rejeição e o abandono geram esse jogo obsessivo. Quem está de fora pode dar um toque, ajudar a mulher a enxergar a posição que ela está ocupando, não olhar a individualidade do outro e se fortalecer”.
6. É preciso dar espaço para ser seduzida também
Desesperada, Lyris pediu uma análise da situação para seu irmão Régis. “Às vezes, o homem quer mesmo um aconchego”, indica o homem. E ela concorda: “Você tem razão. Talvez eu esteja atirada demais. É isso. Amanhã eu vou seduzir o Agno com cafuné”, conclui Lyris.
Até aqui, os conselhos e conclusões giraram em torno do único objetivo de seduzir um homem. Em nenhum momento, Lyris se dá espaço para ser seduzida também, para o homem falar “eu quero”. Deste jeito, analisa Marina, ela está sempre disponível. “A partir do momento que ela vive sua própria história, com certeza muda o jeito de ver as coisas”, decreta a profissional.
7. Atualize seus valores
Na tentativa de trazer algum consolo, Gladys lembra que a filha está envelhecendo e, “com tudo caído”, não haverá mesmo desejo. “Pessoas que ainda têm esse pensamento estão olhando a situação com valores antigos. É muito importante se atualizar. O mundo mudou. As mulheres têm autonomia e podem fazer escolhas. Não precisam se submeter a isso”, finaliza a especialista.
do site Universa