foto: Marcos Oliveira/Agência Senado |
O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (18), por 47 votos a 28, o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pede a suspensão dos decretos do presidente Jair Bolsonaro que facilitaram o porte de armas.
Todos os senadores paraibanos votaram pela suspensão do decreto. Estão de parabéns!
É um passo significativo para enterrar de vez um projeto que pretende armar a população com um discurso fraco e demagogo. Decididamente o brasileiro não é um povo capaz de ter uma arma em casa. A falácia da proteção individual cai por terra quando temos estatísticas que comprovam que ter uma arma não protege ninguém, pelo contrário.
Uma estudo realizado nos Estados Unidos mostra que a cada duas novas armas adquiridas, uma criança morre. No Brasil, o número de homicídios de crianças e adolescentes por armas de fogo aumentou 113,7% nos últimos 20 anos, de acordo com números do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), divulgados em levantamento feito pela Fundação Abrinq em 2018.
Outro dado: 75% das tentativas de feminicídio e 57% das mortes são cometidas por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Em relação ao local, 52% das mortes e 65% das tentativas ocorrem dentro de casa. Além disso, 47,2% dos homicídios cometidos foram por armas de fogo.
Numa outra pesquisa realizada nos EUA aponta que 14 mil cidadãos norte-americanos que foram vítimas de criminosos entre 2007 e 2011, apenas 0,9% das vítimas usou uma arma para se defender.
Se levarmos em consideração o custo de todo o processo entre as taxas e o preço das armas, concluímos que só uma pequena parcela da população terá oportunidade de se armar, deixando de fora uma massa de pessoas sem poder aquisitivo suficiente totalmente vulnerável.
Jogar para o cidadão comum o direito de “se armar para se defender” é assumir publicamente que os governos não conseguem garantir a segurança pública. O problema existe, é grave e precisa de soluções a curto e longo prazos. Mas armar cidadãos que não sabem usar a seta ou que não conseguem administrar o volume do som do carro sem incomodar (propositalmente) toda a vizinhança só aumenta a instabilidade social, que já está no limite no aceitável.
O Senado passou dois recados importantes para a Presidência da República.
O primeiro, é que entendem a dimensão desastrosa desse projeto. O segundo, é que não estão dispostos a se render aos desmandos de um governo que não possui nenhum planejamento prático para gerir o país.