A jornalista Elizabeth Jean Carroll, ex-colunista da revista “Elle”, acusou de estupro o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um texto publicado na “New York Magazine” na última sexta-feira (21), a escritora disse que o magnata a abusou sexualmente em um provador de uma loja há 23 anos.
“Eu vou dizer com grande respeito: primeiro, ela não é meu tipo. Segundo, nunca aconteceu. Nunca aconteceu, ok?”, afirmou Trump, ao tentar se defender das acusações.
“Ela não é meu tipo” é o tipo de resposta que consegue ser ainda pior do que a pergunta. Quer dizer que se ela fizesse o “tipo”, ela seria estuprada?
É como dizer que não estupra uma mulher porque ela é muito feia. Se fosse bonita, quem sabe?
Uma coisa que precisa ficar clara, é que estupro não tem a ver com sexo, tem a ver com poder.
Porque sexo envolve desejo, e aí partimos para o fato de que na Paraíba, 122 crianças foram abusadas sexualmente só nos 5 primeiros meses do ano; e que Santa Catarina um homem foi preso acusado de violentar 11 idosas, a mais velha tinha 83 anos; e que em março, papa Francisco admitiu que padres e bispos da Igreja Católica abusaram sexualmente de freiras e, em um dos casos, as mantiveram como escravas sexuais. Em todos os casos, as vítimas não se enquadram no padrão de beleza que desperte desejo. São pessoas vulneráveis e que foram estupradas por exatamente por estarem nessa condição.
A afirmação de Trump, ao invés de ajuda-lo, piorou a situação.