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A cocaína encontrada em um dos aviões da comitiva do presidente Jair Bolsonaro suscitou uma centena de memes sobre o uso da droga, o tráfico internacional de entorpecentes e mais uma “azar” do capitão em sempre estar próximo do que não presta.
Muito mais do que fazer piada, pedir investigação e punir os culpados, é preciso levantar a bandeira de alerta para essa droga, que se tornou de uso comum de jovens e adultos em baladas e bebedeiras, mas que traz sérios transtornos para todos. “Cocaína desgraça a vida de um bom rapaz”, sentencia o cantor Criolo em uma de suas canções.
Já tive amigos e conhecidos que fizeram o uso de cocaína e muitos tiveram transtornos mentais durante o seu uso. A paranoia e confusão mental é o maior e mais perigoso desses males, já que leva as pessoas a pensar coisas que não existem e potencializar depressão e desejos suicidas. Em função disso, no ano passado perdi dois amigos que tiraram a própria vida e outro que quase se separou por achar que estava sendo traído.
Outro amigo parou de usar porque sempre via a esposa e filha chegando nos locais onde ele estava para flagrá-lo. Uma amiga sofre até hoje por um ‘boy lixo’ que não fazia questão de esconder que gostava daquilo mesmo que o preço a se pagar pelo vício fosse o fim do relacionamento (certa ela!).
São inúmeros exemplos. A cocaína está em todos os lugares e a gente sequer consegue enxergar pois é uma droga praticamente invisível. Quantas vezes na balada meus amigos relatavam que todos os mictórios do banheiro masculino estavam vazios e os locais do vaso sanitário (com porta e um pouco de privacidade) estavam lotados?
Virou um caso de saúde pública e agora nos deparamos com 39 quilos no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que acompanha o presidente em uma viagem internacional. O militar preso iria voltar com o próprio presidente. A cocaína chegou a níveis alarmantes no nosso país e é preciso abrir os olhos.
Vale salientar que a cocaína é um vício de rico e talvez por isso, ou somente por isso, que pouco se fala em prevenção, invasão, prisão, ou qualquer substantivo que apenas sugira algo relacionado à crime. Julgar, apontar, prender e criminalizar o preto favelado fumando maconha é muito mais fácil do que chegar numa faculdade particular e fazer o mesmo com o boy loiro e rico?
A política anti drogas que (não) funciona aborda o tema pelo contexto da pobreza, da miséria e criminalização dos jovens negros. Enquanto o problema das drogas não for tratado como de saúde pública, pouco se vai avanças. Os meninos negros vão continuar levando bala na cabeça, e os meninos brancos vão continuar cheirando pó e tomando seu doce tranquilamente.