Enterro da adolescente assassinada em Pernambuco |
O país acompanhou estarrecido o caso de duas adolescentes pernambucanas que espancaram, esfaquearam e afogaram uma menina de 14 anos.
Durante os oito minutos e 34 segundos de duração do vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ouvir a vítima implorar por sua vida. Uma testemunha tentou ajudar, mas a menina morreu afogada no Pontal de Maria Farinha, Paulista, Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco, na manhã da última terça-feira (25).
A naturalidade com as agressões, a frieza diante dos gritos de dor e a banalidade com a vida humana, demonstram um desprezo e uma agressividade poucas vezes vista de forma tão crua. Independente das motivações, dos conflitos familiares, do nível de miserabilidade e do acesso à educação, as imagens revelam que a psicopatia não tem gênero, idade, cor, ou endereço.
Outro ponto importante é que o vídeo percorreu o país inteiro sem que ter aparecido no Jornal Nacional. Facebook, Twitter, Instagran, Whatsapp… quem não viu, ouviu falar, e não se falou de outra coisa.
As duas suspeitas, que estariam sob efeito de drogas, resistiram à apreensão na praia, agredindo policiais. “Até nós, policiais, ficamos surpresos com tamanha agressividade, falta de amor ao próximo e perversidade com que o crime foi cometido. Elas apresentaram resistência desde o momento da apreensão”, relatou o tenente-coronel Ramalho, comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela captura.
Por volta das 14h40, as duas adolescentes chegaram à Delegacia de Polícia da 34ª Circunscrição, em Maria Farinha, onde foram autuadas em flagrante por ato infracional equiparado a homicídio. Na unidade policial, o delegado Álvaro Muniz tentou ouvi-las, mas só conseguiu de maneira informal, já que ambas permaneceram agressivas durante o tempo em que estiveram no local. “Desde o momento em que foram apreendidas, se mostram extremamente agressivas e com sinais de que ingeriram entorpecentes. Iniciamos o depoimento, mas de uma hora para outra, começaram a gritar, surtar, inclusive agredindo policiais civis. Diante do contexto, fica inviável colhermos a versão para esse trágico crime”, explicou à TV Jornal.
Segundo o delegado, com base no que conseguiu escutar inicialmente, o assassinato teria sido motivado por uma possível traição. “As informações que elas nos dão são de que a vítima teve um relacionamento com uma delas por cerca de dois anos, separaram, e agora a vítima pediu para se encontrar. A outra descobre e vai atrás, presencia o encontro e começam aí as agressões físicas. A traída vai ao local e a outra deixa que as agressões aconteçam até um determinado instante em que participa também”, disse.
Pouco antes das 21h, as duas, que já haviam passado pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), foram levadas para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) do órgão, na Boa Vista, Centro do Recife.
No Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central da cidade, a mãe da vítima afirmou que o crime ocorreu porque uma das agressoras estava inconformada com o fim do relacionamento. “O que ela fez foi uma maldade, cruel e ainda botou nas redes sociais. Isso não existe, isso a gente não faz nem com bicho, imagina com um ser humano”, disse.
A versão é a mesma apontada pelo namorado da menina, um jovem de 17 anos. “Ela não aceitou o fim do relacionamento, não queria ver minha namorada feliz e fez essa barbaridade”, afirmou.
Familiares da vítima confirmaram que a jovem tinha um relacionamento conturbado com uma das suspeitas de cometer o crime e chegou a fugir de casa por 20 dias quando namorava com a suspeita. O pai alegou que chegou a proibir o relacionamento e que a suspeita tem um histórico ruim. “Ela sofria agressões tanto psicológicas quanto físicas”, afirmou.
Não iremos divulgar o vídeo em respeito à vítima e aos seus familiares.