a participação de Bolsonaro se resumiu a esta foto. |
Você sabe que o presidente Jair Bolsonaro participou da reunião da Cúpula do G20 que aconteceu no Japão. Mas o que talvez você não saiba, é que na agenda do presidente constava sua participação na reunião paralela sobre o “empoderamento da mulher”, que aconteceu neste sábado (29).
O Palácio do Planalto não adiantou a contribuição do presidente no encontro. Seu artigo para a revista G20 Japan: The 2019 Osaka Summit, editada pelo governo do Japão, não menciona o tema.
É necessário se perguntar o que um presidente declaradamente machista teria a dizer numa reunião com líderes mundiais sobre um tema que ele tem total desconhecimento. Mas a Agência Brasil, órgão responsável pela divulgação das atividades presidenciais nos informou: ele não fez nada além de posar para fotos.
Nenhuma fala, nenhum pronunciamento. E diante do que ele teria a dizer, o melhor mesmo foi ter ficado calado e nos poupar de mais essa vergonha internacional. Bolsonaro e sua equipe não possuem mesmo nenhuma pauta relativa ao empoderamento das mulheres que seja digna de comentário num evento tão relevante.
Em 2014, o então deputado citou o direito à licença maternidade como um exemplo da “desgraça de ser patrão no nosso país”. Em um programa da TV, declarou que “não empregaria com o mesmo salário homens e mulheres, apesar de haver várias competentes”. Em 2017, voltou a escorregar ao tratar de sua própria filha. “Foram quatro homens. A quinta, eu dei uma fraquejada, e veio uma mulher”. E no mês passado o presidente foi condenado pela justiça a pagar uma indenização à deputada federal Maria do Rosário e de fazer um pedido público de desculpas por ter dito que ela era tão feia que “não merecia ser estuprada”, como se alguém merecesse.
Então, diante de uma oratória fraca e ideias mais fracas ainda, de certa forma podemos até comemorar o fato dele ter participado de uma reunião em que não contribuiu com nada.
Mas seria injusto afirmar que a ida de Bolsonaro ao Japão foi inócua.
Disse que a Alemanha tinha muito a aprender com o Brasil; falou fino quando encontrou o Putin e achou melhor não citar a Venezuela para não polemizar – mas ele não adora uma polêmica?; “desmarcou” uma agenda com o presidente da França Emmanuel Macron – que nunca existiu; fez um vídeo tosco oferecendo um colar de miçanga de nióbio como sendo uma grande saída área a crise econômica do país; cancelou uma reunião com a China usando uma explicação medíocre; e comemorou o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul como se fosse uma conquista sua e como se seu próprio ministro Paulo Guedes não tivesse criticado esse mesmo acordo.
Também saiu pra comer churrasco na tentativa de incentivar os japoneses a apreciar essa iguaria – num total desconhecimento e desrespeito da cultura japonesa. Fora que, antes mesmo de chegar ao Japão, passou pelo constrangimento ver um avião da FAB ser detido na Espanha porque um dos integrantes da comitiva presidencial foi preso com 39kg de cocaína.
Bolsonaro deve desembarcar de volta ao Brasil neste domingo (30) com a mala cheia de colar de nióbio.