Ester comemorando seu aniversário com os amigos. Maria Quitéria só observa, admirada. |
“Fiquei muito surpreso e satisfeito também”, conta orgulhoso o representante comercial, Geilton Bahia, pai de Ester Bahia, uma garotinha que escolheu Maria Quitéria, heroína da Independência do Brasil na Bahia, como tema da própria festinha de aniversário. Ester e os pais moram em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador.
Este ano, quando a garotinha completou oito anos, a Independência do Brasil na Bahia, comemorada sempre no dia 2 de Julho, chega aos 196 anos. O aniversário de Ester foi no dia 28 de maio.
Nenhuma princesa ou super-heroína das histórias fictícias causou tanta admiração na garotinha quanto Maria Quitéria, heroína da vida real e que também é natural de Feira de Santana. Maria Quitéria foi a primeira mulher brasileira a ser reconhecida como parte das forças armadas do país.
“Eu achei muito interessante uma menina de oito anos que tem outras possibilidades de tema para escolher e ela escolheu uma super-heroína regional. Quando ela conheceu a história, ela leu o livro, se interessou em querer homenageá-la. Todo mundo perguntava se eu tinha feito a imposição da escolha do tema e eu disse que não”, revelou a mãe de Ester, a enfermeira Auriceia Bahia.
Ester conta porque decidiu por um tema incomum no mundo infantil. “Ela [Maria Quitéria] foi para a guerra e se não fosse ela, as mulheres não poderiam nada”, disse a garotinha.
O pai de Ester, Genilson Bahia, revelou surpresa quanto a escolha da filha e pensou que ela iria decidir por algum tema infantil. “Ela gosta muito da Turma da Mônica e eu pensei que ela ia sugerir esse tema e de repente, [ela escolheu] a nossa heroína”, disse .
Agora, as lembranças da festinha de oito anos fazem parte da decoração do quarto da garotinha.
2 de Julho
A história da Independência do Brasil na Bahia começou a ganhar força no início de 1822, com o desejo da Bahia de romper com a coroa, quando o rei de Portugal, D. João VI, tirou o brasileiro Manoel Guimarães do comando de Salvador, colocando em seu lugar o general português Madeira de Melo no cargo. Com isso, ele queria reforçar o poder da Coroa sobre os baianos, mas a população não aceitou pacificamente.
Os baianos foram às ruas para protestar e entraram em confronto com os soldados portugueses. Meses depois, em 12 de junho, a Câmara de Salvador tenta romper com a coroa portuguesa. O general Madeira de Melo coloca as tropas nas ruas e impede a sessão. Dois dias depois, em Santo Amaro, os vereadores declaram D. Pedro o defensor perpétuo do Brasil independente, o que significa não obedecer mais ao rei de Portugal.
No dia 25 de junho é a vez da Vila de Cachoeira romper com a Coroa portuguesa. Outras vilas seguem o exemplo. Cachoeira se torna quartel general das tropas libertadoras.
Canhões de fortes da Baía de Todos-os-Santos foram roubados para armar a improvisada frota de saveiros, que enfrentaram a esquadra de Portugal. Cercados por terra e mar, os portugueses ficam acuados em Salvador. Decidem então abandonar a cidade e fogem por mar, na madrugada do dia 2 de julho de 1823.
Pela manhã, o exército brasileiro entra vitorioso na cidade, marcando a independência do Brasil na Bahia.
do G1/BA