em caso de violência denuncie: ligue 123 |
Apenas nos três primeiros meses do ano, 1.016 inquéritos foram instaurados nas delegacias da Mulher da Paraíba. O número indica a quantidade de denúncias de violência contra a mulher que estão sendo investigadas desde janeiro até março de 2019, o que representa, aproximadamente, 11 mulheres vítimas de violência por dia. Os dados são da Coordenação das Delegacias de Atendimento a Mulher da Paraíba.
É um número alto, porém é subnotificado.
É importante conhecer os caminhos para se fazer uma denúncia e a rede de apoio para ficar livre da violência.
Depois de uma agressão, o primeiro passo é procurar uma Delegacia da Mulher, ou Delegacia Distrital, e fazer um Boletim de Ocorrência. No entanto, se a vítima estiver muito machucada, é importante procurar um hospital antes. Uma orientação importante: procure os serviços especializados de apoio, especialmente os Centros de Referência da Mulher e os Centro de Referência de Assistência Social (Creas).
Nesses locais, ela vai ser atendida por uma rede multiprofissional que inclui assistentes sociais, psicólogas e advogadas. Ela será orientada sobre seus direitos e receberá apoio emocional e psicológico.
Nos casos de violências sexual, a primeiro lugar que ela deve procurar é um hospital. Em João Pessoa, os hospitais de referência são o Instituto Cândida Vargas e a Maternidade Frei Damião, em Campina Grande devem procurar o ISEA. No interior, é só se dirigir à um hospital regional. É extremamente importante procurar o serviço de saúde até 72 horas após a violência, para que a vítima possa passar por todos os procedimentos preventivos: gravidez e DST’s. Depois, procurar uma delegacia para fazer um B.O.
De acordo com Mônica Brandão, que atua na gerência de gênero da Secretaria Estadual da Mulher e Diversidade Humana, no enfrentamento à Violência contra Mulher, é muito importante que a mulher se perceba dentro de um ciclo de violência e tenha o desejo de rompê-lo.
“Quando as mulheres se percebam numa história de violência, a reincidência é mínima. Uma coisa que a experiência diária nos mostra é que essas mulheres não conseguem romper esse ciclo sozinhas, elas precisam de uma rede de apoio”, afirma.
“As vítimas que não recebem apoio psicológico podem até fazer a denúncia, mas elas acabam voltando ao contexto de violência, mesmo que seja com outro parceiro, as que não são acompanhadas psicologicamente, voltam. Estão tão envolvidas que não conseguem perceber que existem caminhos. As mulheres não conseguem sair sozinhas, precisam de uma rede de apoio, e nossa rede é muito forte”.
A rede estadual trabalha com a perspectiva da orientação. A equipe do Centro de Referência vai fazer uma análise de risco: quando a mulher não se percebe num contexto de violência, ela não tem como mensurar o risco que corre. A equipe então propõe possibilidades a curto médio e longo prazo, no entanto, assegurar os direitos das mulheres é o mais importante. No caso risco de morte, a mulher é encaminhada à uma Casa Abrigo. Também é sugerido a rede de proteção particular (amigos e/familiares que o agressor não conheça) que possa fazer esse acolhimento.
“O mais importante é ela se fortalecer, ficar no acompanhamento, e entender que a culpa da violência não é dela. As mulheres se sentem muito culpadas pela violência que sofrem”, afirma Mônica.
Ainda de acordo com a assistente social, uma das maiores dificuldades que essas mulheres enfrentam é a falta de orientação. Elas não sabem a quem recorrer e ficam peregrinando dentro de uma situação de vulnerabilidade emocional e econômica. “As vezes ela só tem dinheiro pra uma passagem de ônibus”, diz Mônica, reforçando a necessidade de procurar um Centro de Referência.
Outra dificuldade é a morosidade da justiça, tanto em conceder medidas protetivas, quanto em julgar os agressores. Mas quando a mulher tem assistência psicológica, até essa morosidade é percebida de outra forma.
As ações da Secretaria Estadual da Mulher e Diversidade Humana trabalha diretamente no apoio e acolhimento das mulheres vítimas de violência. Além da Casa Abrigo (que funciona em local sigiloso), possui 7 Centros de Referência da Mulher. Também realiza ações educativas e preventivas e atua para que os municípios criem seus órgãos de políticas para as mulheres: hoje o estado possui 54 municípios com secretarias e coordenadorias para mulheres. A SEMDH também está inserida no grupo de trabalho da ONU Mulheres que atua no protocolo de casos de feminicídio.
Em agosto será lançada a Patrulha Maria da Penha, um trabalho em conjunto com a Secretaria de Segurança, polícias civil e militar e Tribunal de Justiça, com o objetivo de monitorar os casos de mulheres que possuem medidas protetivas.
O mais importante é que as mulheres que são vítimas de violência possam contar com uma rede de proteção e apoio. Ninguém se mantém num contexto de violência por desejo e escolha. A dependência emocional e financeira afeta diretamente a capacidade de solucionar o problema sem ajuda.
Em caso de violência doméstica, ligue 123.
Nesse link você encontra os CREAS espalhados pelo Estado
Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra – JP 0800 283 3883
Centro de Referência da Mulher Fátima Lopes – CG 3342-9129
Taty Valéria