mulheres paquistanesas e o “modelo” de sociedade que o Brasil busca. |
Um governo cristão. Um indicado ao STF que seja “terrivelmente evangélico”. Assim é o governo Bolsonaro: cristão, cristão-judeu, cristão raiz.
O curioso é que a fala cristã só se aplica quando é conveniente. O discurso oficial é de defender os valores ocidentais e até lutar pela preservação do cristianismo. Mas, nas votações na ONU, o governo descobriu que é um dos poucos no mundo a se associar às ideias ultraconservadoras do mundo islâmico. Que coisa não?
O processo de reeleição para o Conselho de Direitos Humanos da ONU acontece em outubro, e a fala dos valores cristãos como proposta foram a pauta da candidatura do Brasil.
Nesta quinta-feira, depois de semanas de debates, as resoluções sobre como lidar com abusos foram à votação no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ao longo do dia, algumas das propostas mais conservadoras do mundo islâmico acabaram recebendo o apoio inesperado do Brasil.
O governo, por exemplo, votou a favor de uma proposta do governo do Paquistão e de outros islâmicos, sugerindo retirar de uma resolução na ONU o termo “educação sexual” em projetos de combate à violência contra a mulher.
Entre as propostas de países árabes apoiadas pelo Itamaraty estavam a ideia de rejeitar a existência do direito à saúde sexual. Nas últimas semanas, o governo brasileiro mudou radicalmente sua postura na ONU, tentando vetar termos que eram consenso internacional por 25 anos.
Sugiro uma pesquisa para ver um pouco da realidade das mulheres em países como Arábia Saudita e Paquistão. Mas eu já posso dar alguns exemplos:
No Paquistão, as mulheres não podem sair de casa sem a companhia de um homem da família. Nem pra fazer feira, nem pra ir ao médico. As meninas também são impedidas de estudar. E todas precisam um manto que cobre da cabeça aos pés. Bacana. Só que não.
Na Arábia Saudita é um pouco melhor. Elas não podem ter carteira de motorista, mas também não podem usar o transporte público. Nos encontros familiares, precisam ficar separadas dos homens. Pra justiça, a palavra da mulher também não vale muita coisa, pois ela vai precisar sempre de 6 testemunhas do sexo masculino pra embasar qualquer denúncia.
Sim, é esta a realidade que o governo de Bolsonaro acha aceitável e digna de ser apoiada. É esse o tratamento que esse governo deseja para as mulheres. E ainda tem mulher que acha bonito. Fazer o quê?
Taty Valéria