Isso aconteceu em São Paulo, mas poderia muito bem ser em João Pessoa. Um entregador agonizando em via pública e sem atendimento ou mesmo uma atitude da empresa que presta serviço. Todo mundo assistiu a um ser humano pedindo pela sua vida, mas ninguém deu a mínina durante quase duas horas, quando um amigo socorreu o jovem.
A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) classificou a morte do entregador do Rappi, Thiago de Jesus Dias, como resultado “do desmonte de políticas públicas somada, concomitantemente, à ampla fragilização das relações de trabalho no Brasil”.
De acordo com a Folha, O entregador morreu depois passar mal e não ter recebido atendimento do próprio aplicativo, assim como dos serviços públicos, a exemplo da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Thiago entregava de moto um vinho para um grupo de quatro amigos em Perdizes (zona oeste da capital paulista), na noite do dia 6 deste mês, quando acabou agonizando na calçada por mais de 1h30 à espera de auxílio médico.
O entregador chegou a ter uma corrida negada por um motorista da Uber, que não quis transportá-lo até um hospital porque o entregador “sujaria seu carro” com urina.
Quando avisado sobre o estado de saúde de Thiago, o Rappi preocupou-se apenas com as próximas entregas, que deveriam ser canceladas, como lembrou a advogada Ana Luísa Ferreira Pinto, uma das clientes do aplicativo que prestou socorro ao entregador.
“Entramos em contato com a Rappi que, sem qualquer sensibilidade, nos pediu para que déssemos baixa no pedido para que eles conseguissem avisar os próximos clientes que não receberiam seus produtos no horário previsto”, disse a advogada.
Thiago só conseguiu sair da calçada quando um amigo chegou de carro e o levou às pressas para o Hospital das Clínicas, administrado pela USP.
Diagnosticado com Acidente Vascular Cerebral (AVC), o quadro de saúde dele piorou e ele morreu na manhã da última segunda (8).
Depois do ocorrido, o Rappi lamentou a morte de Thiago de Jesus Dias e informou que busca melhorias em seus procedimentos.
“A empresa está desenvolvendo um botão de emergência, que estará disponível dentro do aplicativo dos entregadores, por meio do qual os mesmos poderão optar por acionar diretamente o suporte telefônico da Rappi ou as autoridades competentes”, disse a empresa.
Com o Metro1