Em 2012, Uma pesquisa desenvolvida pela consultoria de desenvolvimento de liderança Zenger/Folkman apontou que líderes mulheres são tão eficazes quanto homens — e em muitas das variáveis avaliadas pontuam até melhor. Hoje, em 2019, a pesquisa foi atualizada e repetiu o resultado: líderes mulheres são percebidas como tão competentes quanto seus pares homens, se não mais.
A análise pede para que indivíduos avaliem a eficiência de seus líderes em diversas competências e, desta vez, concluiu que as mulheres foram avaliadas como mais eficientes em 84% dos critérios. Entre as excelências dessas líderes estão, por exemplo, a capacidade de tomar iniciativas, agir com resiliência, investir no autodesenvolvimento e focar nos resultados, além de demonstrar integridade e honestidade.
Os homens, por sua vez, foram classificados como melhores em duas capacidades: “desenvolvimento de perspectiva estratégica” e “especialização técnica ou profissional” — as mesmas em que eles obtiveram melhor desempenho em 2012.
Outro dado que se repete é a porcentagem de mulheres em cargos de lideranças considerados “sênior”. Apenas 4,9% dos CEOs da Fortune 500 e 2% dos CEOs da S & P 500 são mulheres e esses números estão caindo globalmente. Os motivos, aponta o estudo, são diversos, dentre os quais é destacado um viés inconsciente que ressalta preconceitos culturais e prejudica as contratações e promoções de mulheres para posições mais estratégicas.
Viés que, segundo a pesquisa, não poderia estar mais incorreto. As mulheres, na realidade, são vistas por seus gerentes (particularmente os gerentes do sexo masculino) como ligeiramente mais eficazes que os homens em todos os níveis hierárquicos e em praticamente todas as áreas da organização, o que inclui setores majoritariamente masculinos, como TI e jurídico.
Quando solicitadas para avaliar a si mesmas, no entanto, as mulheres não são tão generosas. De acordo com um formulário de autoavaliação desenvolvido também pela Zenger/Folkman, mulheres com menos de 25 anos, por exemplo, têm índices de confiança muito abaixo dos homens, o que, segundo os pesquisadores, indica que é altamente provável que elas sejam muito mais competentes do que pensam e que os líderes homens sejam excessivamente confiantes.
Ainda de acordo com os dados da consultoria, aos 40 anos, o nível de confiança se iguala entre os gêneros. Já com mais de 60 anos a confiança masculina começa a diminuir, enquanto a confiança feminina continua aumentando.
Com dados atualizados que confirmam e reforçam observações feitas no passado, os pesquisadores concluem que as mulheres são líderes altamente competentes e com a mesma probabilidade de ter sucesso em cargos de alto nível. O que diminui sua presença nestas posições, portanto, não é a falta de capacidade, mas a escassez de oportunidade.
Por isso, para Jack Zenger e Joseph Folkman, que assinam um artigo sobre a pesquisa na Harvard Business Review, é recomendado que líderes revisem os processos de contratação de mulheres em suas organizações e busquem lhes assegurar de suas competências e incentivá-las a buscar por promoções. “Aqueles que tomam essas decisões precisam fazer uma pausa e se perguntar: “Estamos sucumbindo ao viés inconsciente? Estamos automaticamente dando o aval a um homem quando há uma mulher igualmente competente?”, questionam os pesquisadores.
Da Época