A internet criou diversos espaços de interação social. Por aproximarem desconhecidos e permitirem o anonimato, entretanto, eles potencializam o assédio virtual, principalmente contra as mulheres. Para combatê-lo, plataformas feministas e empresas têm lançado serviços que priorizam a segurança do público feminino.
Redes, organizações e grupos de defesa da segurança das mulheres — e dos direitos humanos no geral — encontraram no ambiente digital abertura para estimular o avanço da legislação brasileira e amplificar a luta por suas causas. Eles utilizam a internet para estimular o debate e propagar o conhecimento sobre o assunto, bem como sobre os direitos das mulheres, além de acolher e auxiliar gratuitamente as vítimas desses crimes.
Números de um relatório divulgado pelo Instituto Avon em 2018 mostram como a internet intensificou o debate sobre a violência contra a mulher. A pesquisa descobriu que, somente no ano passado, o tema foi o 26º assunto mais discutido nas redes sociais. Segundo o estudo, o ativismo de mulheres no meio digital se fortaleceu: cresceu 500% entre 2015 e 2017.
Além do engajamento de redes e grupos ativistas, mulheres usam o espaço virtual para compartilhar suas experiências, fazer denúncias, e procurar apoio e conforto. Entre os motivos de desabafo, a violência física é a mais expressiva (23%). O assédio moral é o segundo item com mais casos (aparece 22% das vezes), seguido de perto pelo assédio sexual, com 20%.
Isabela Guimarães, especialista em direito virtual e co-fundadora da Rede Feminista de Juristas, explica que, em casos de assédio virtual, a primeira atitude da vítima deve ser procurar uma assessoria jurídica. Para ela, o ativismo em plataformas digitais é importante para democratizar o acesso do público feminino a apoio legal e conhecimento sobre o assédio online.
Vários grupos de advogadas oferecem auxílio voluntário a mulheres vítimas de violência de gênero. Entre eles estão a Rede Feminista de Juristas, a Mapa do Acolhimento e a TamoJuntas: todas elas incentivam o acesso à Justiça ao conectar mulheres e advogadas feministas. “Acho importante que elas saibam que há meios [jurídicos] que elas podem procurar. Com isso, elas podem fazer valer seu direito e buscar soluções”, complementa Cristina Sleiman, advogada especialista em direito virtual.
Outras plataformas produzem conteúdo especializado e conhecimento científico sobre o tema. Há, ainda, as que fazem campanhas, pesquisas e ações para conscientizar sobre a violência — virtual e presencial — contra a mulher, reduzir as ocorrências, orientar e apoiar as vítimas. As ONGs Think Olga e SaferNet e os institutos Gênero e Número e Patrícia Galvão se destacam na difusão dessas informações.
Do Olhar Digital