A ex-presidente Dilma concedeu entrevista publicada nesta quarta-feira pelo portal Uol. Nele, a presidente fala da vingança do atual presidente Bolsonaro com os segmentos sociais, o corte das verbas das universidades e as experiências terríveis da ditadura e do impeachment.
Veja abaixo algumas perguntas:
A ferida do impeachment já cicatrizou? Qual é a cicatriz mais difícil de fechar, a deixada pelo impeachment ou a deixada pela ditadura?
“Não são cicatrizes. São experiências dramáticas e terríveis, que obviamente são pessoais, mas
também são do país. São momentos históricos, duros de se viver, de sobreviver. Eu tenho muito
orgulho de ter sobrevivido aos dois [ao impeachment e à ditadura].
Com dignidade. Acho que o que a gente tem que esperar da gente é isso: ter coragem para enfrentar e resistir. E ter sempre a força da sua convicção de que está no caminho certo. Porque se você não tiver a força da certeza que está no caminho certo, aí, de fato, é ferida, é cicatriz, cabem essas palavras. Mas, no que eu vivi, não cabe não”
O Brasil presenciou manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas a favor e contra o governo Bolsonaro. Como a sra. encara isso quatro anos depois das manifestações que antecederam o seu impeachment?
Naquele momento, houve uma grande interferência e manipulação principalmente da mídia tradicional, que praticamente convocava as manifestações. E houve uma clara cisão entre um lado e outro. Neste momento, as manifestações tanto de apoio quanto às contrárias ao governo Bolsonaro refletem uma realidade de radicalização crescente no Brasil, pois, nesse período todo, foi incentivado o ódio, a intolerância, o processo discriminatório contra movimentos sociais, como negros, LGBTI, mulheres, ambientalistas etc. Foi incentivada a cultura da violência através da valorização imensa do porte de armas.
Do outro lado, a mobilização dos estudantes, professores, alunos do curso secundário. Quando houve aquele que foi um dos aspectos toscos e grosseiros do governo Bolsonaro, dizer que aqueles que faziam “balbúrdia” iam ter um corte de 30% das universidades federais.
Como se corte no Orçamento da União pudesse ser feito baseado em critérios quase que de vingança sobre segmentos sociais. Isso não é admissível em um país democrático –o que o Brasil está deixando de ser.
No caso das manifestações da educação, elas não são produto de um conflito de ódio. É produto de uma sensação profunda, estratégica, de perda para o seu próprio país, para sua comunidade e para cada um individualmente.
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