Mesmo no quarto mês de gestação e receosa com a situação, a escrivã da Polícia Civil, Tárgilla Bié, não hesitou em defender um jovem torcedor que estava sendo agredido por pessoas do time rival no último clássico-rei (Fortaleza X Ceará) no sábado, 3. Em entrevista ao jornalista Luiz Viana, da rádio O POVO CBN, Tárgilla falou sobre o medo que sentiu e o que fez ela tomar tal atitude.
“É um risco que a gente corre, mas se for pensar assim nunca vamos conseguir defender outras pessoas”. Não fazer nada naquele momento seria inviável para Tárgilla, tanto pela profissão, pela qual fez juramento de defender a sociedade, tanto pela gestação, como reconhece. “Eu sabia que ele era filho de alguém e achei que, se eu não fizesse nada, a mãe ia receber uma notícia ruim. Eu ia me sentir culpada”, desabafa.
Para ela, colocar sua posição de conforto acima da situação não era uma opção no momento e, apesar do medo que sentiu na hora, sabia que “ia acabar acontecendo o pior com ele se não tivesse feito nada”. Em relação às dúvidas que surgiram sobre a escrivã estar portando uma arma de fogo, a profissional explicou que é legal e tanto ela quanto os colegas recebem treinamento. “O escrivão trabalha também na parte de rua, inteligência e operação. Dentro do curso de formação tem um preparo para enfrentar as situações diversas que podem acontecer”, relata.
O vídeo que flagra o momento em que Bié se aproximou no confronto mostra os três disparos que a escrivã efetuou para cima, a fim de dissipar a confusão. “Eu dou três disparos para cima e os últimos dois são da composição do raio em direção à torcida”, explica. Mesmo no primeiro disparo, os agressores permaneceram no local. Aos gritos de “sou policial” e somente no terceiro disparo foi que os homens correram.
Ao seu lado, o marido de Tárgilla se posicionava de forma segura próximo à arma. Quando os policiais chegaram ao local, ela se apresentou e a composição seguiu a operação, disparando dois tiros de bala de borracha nos envolvidos no confronto.
Do O Povo