Ser exigente com a qualidade dos produtos que consumimos é extremamente importante, sobretudo quando o assunto é carne. Uma onda de sustentabilidade envolvendo a alimentação tem crescido há alguns anos, o que fez com que muitas pessoas refletissem sobre seus hábitos à mesa. Um estudo publicado recentemente na revista Scientific Reports aponta que dietas baseadas em vegetais podem fornecer a mesma quantidade de nutrientes que aquelas baseadas em carne, além de proteger o meio ambiente.
Sem dúvidas, o crescente consumo de carne e a pecuária passam longe do que chamamos de “ecologicamente correto”. Para sustentar a produção, florestas são frequentemente derrubadas para a criação de pastos (à medida que a biodiversidade diminui e reservas naturais de carbono são extintas). Ademais, o gado é alimentado com milho, soja e outros grão que são cultivados à base de fertilizantes e pesticidas — nocivos à saúde humana e à natureza. Uma pesquisa constatou que a pecuária é responsável por até 80% das emissões de gases do efeito estufa relacionados à produção alimentícia.
Os especialistas concordam: o vegetarianismo e veganismo — seguidos corretamente — são, de fato, as opções mais saudáveis. Apesar disso, uma grande parcela da população ainda tem dificuldade de largar o osso, mesmo que queira.
Gidon Eshel, pesquisador ambiental do Bard College, sustenta que essa atitude é causada pelo frequente questionamento da capacidade nutricional de dietas livres de carne. Além disso, muito se fala sobre como os impactos ambientais poderiam ser reduzidos a partir desse tipo de regime alimentar. Para sanar tantas dúvidas populares, com a colaboração de um grupo de cientistas, Eshel fez uma análise minuciosa.
Primeiramente, um algoritmo foi criado no computador para determinar uma dieta vegetariana capaz de substituir (nutricionalmente falando) dois tipos de dietas “vermelhas” que incluem: 1) frango, carnes bovinas e suínas e 2) carne bovina somente. O resultado foi uma alimentação relativamente simples com predominância de soja, pimenta verde, abóbora, trigo-sarraceno e aspargos.
Em geral, regimes alimentares à base de vegetais podem, inclusive, aumentar a expectativa de vida, afirma Marco Springmann, pesquisador em sustentabilidade ambiental e saúde pública na Universidade de Oxford. Dietas que incluem carne, diz ele, estão associadas à maior incidência de diabetes tipo 2, doença cardíaca coronária, obesidade, além de outras doenças — ao contrário das leguminosas.
E, para finalizar, os resultados da pesquisa estão de acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dos EUA que reitera os inúmeros benefícios nutricionais e ambientais que uma alimentação baseada em vegetais pode trazer.