Homofobia faz mais uma vítima na Paraíba e choca cidade por ato cruel durante festa de emancipação

By 19 de agosto de 2019Fora do Armário, Machismo mata
imagem ilustrativa

Foi preso no início da tarde desta segunda-feira (19), um grupo acusado de tentativa de latrocínio no município de Pilões, brejo Paraibano. Leandro Cardoso Gomes e mais dois adolescentes espancaram e assaltaram dois homens durante a festa de emancipação do município.

As duas vítimas foram encaminhadas à rede hospitalar. Um idoso, que foi atendido no Hospital Regional de Guarabira e logo em seguida liberado, e Caso José Antonio Ferreira, conhecido como Dadinha, que está internado em estado grave no Hospital de Trauma de João Pessoa.

Dadinha está inconsciente, com traumatismo craniano grave, e aguarda evolução do quadro para realizar uma cirurgia. Até o momento, nenhum amigo, familiar ou conhecido apareceu no Hospital.

O tamanho da violência que atingiu Dadinha tem um motivo: homofobia.

momento em que Dadinha é resgatado pelo SAMU

A delegada Soledade Sousa, da Delegacia Civil de Pilões e responsável pela prisão do acusado e apreensão dos menores, informou que o próprio acusado revelou a motivação homofóbica. O caso está sendo acompanhado pela Polícia Civil e Conselho Tutelar.

A tentativa de homicídio de Dadinha aconteceu na madrugada do sábado (17), e o assalto ao idoso (que não teve o nome revelado) ocorreu na manhã desta segunda-feira. Mas a delegada Soledade nos informou que as diligências para capturar os suspeitos já estavam nas ruas desde o primeiro crime.

O caso teria passado desapercebido não fosse a atuação do Espaço LGBT, que por meio das redes sociais, tomou conhecimento do crime. Victor Pilato, coordenador do Espaço, afirmou que uma equipe esteve no Hospital de Trauma no sentido de acompanhar o caso e prestar assistência jurídica e psicossocial. “Por hora ele está inconsciente e não conseguimos informações, mas estamos à procura de algum familiar no sentido de prestarmos essa assistência”, afirmou.

O município de Pilões possui uma população que não chega a 7 mil habitantes. O caso chocou a cidade pela crueldade do ato e pela motivação torpe, mas esse crime talvez entre para uma estatística vergonhosa no país: a cada 16 horas, o Brasil registra uma morte provocada por homofobia.

Em junho desse ano, o STF decidiu enquadrar a homofobia e a transfobia como crime de racismo, até que o Congresso Nacional elabore leis específicas, e na Paraíba, a deputada estadual Estela Bezerra (PSB) abriu uma CPI de crimes homofóbicos na Assembleia Legislativa. As ações que partem do executivo, legislativo e judiciário são imprescindíveis, mas assim como o machismo, a homofobia é uma questão cultural que só será dizimada quando houver uma conscientização da própria sociedade.

Taty Valéria

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