O filme “Rafiki”, que aborda o romance entre duas adolescentes em um país conservador, será exibido nesta quinta-feira (29), às 19h, no Cine Bangüê, em comemoração ao Dia da Visibilidade Lésbica. Em seguida, haverá debate com Erica Capinan, ativista negra e lésbica, articuladora regional da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e a cineasta Carine Fiuza. Os ingressos custam R$ 5 (meia entrada) e R$ 10 (inteira).
O cine debate é uma co-realização da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana e conta com o apoio da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego (Funesc) e Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria (GMMQ).
No dia 30, às 16h, acontecerá o IV Encontro de Mulheres Lésbicas e Bissexuais da Paraíba (ENLÉSBI-PB), com o tema “Eu Também Sou Cidadã – No Combate à Lesbifobia, contra o Racismo e pela Democracia”, no Centro de Atividades e Lazer Padre Juarez Benício (Cejube), em Gramame, João Pessoa. A realização é do Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria (GMMQ) com apoio da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade (Semdh).
Filme – Banido em sua terra natal, o filme ‘Rafiki’ se tornou a primeira produção do Quênia a ser exibida em Cannes, indicado ao prêmio Un Certain Regard. A produção, dirigida por Wanuri-Kahiu, é baseada no conto Jambula Tree, da escritora ugandense Monica Arac de Nyeko.
“Boas meninas quenianas tornam-se boas esposas quenianas”, diz o ditado. No entanto, Kena e Ziki querem algo mais. Apesar da rivalidade política que existe entre suas famílias, as garotas resistem, continuam amigas e se ajudam a perseguir seus sonhos, mesmo em uma sociedade conservadora. Quando o amor entre elas floresce, as duas se veem obrigadas a escolher entre a felicidade e a segurança. Rafiki é um drama da África do Sul, Quênia e França. O elenco traz Samantha Mugatsia, Sheila Munyiva, Jimmi Gathu, Nini Wacera, Dennis Musyoka, Patricia Amira. Após a sessão especial, o filme entra na programação normal do Bangüê, com exibições nos dias 1, 4, 8, 12, 14 e 17 deste mês.
Violência psicológica – Mulheres lésbicas enfrentam mais a violência psicológica, segundo análise de dados do Centro Estadual de Referência e Enfrentamento à LGBTfobia (Espaço LGBT), que funciona em João Pessoa com atendimento psicossocial gratuito para o público de LGBTQI+. O dia Nacional de Visibilidade Lésbica, data de resistência do Movimento de Lésbicas no Brasil, é lembrado no dia 29 de agosto.
Segundo os dados de atendimento do Espaço LGBT, de 2011 até junho deste ano, 225 mulheres lésbicas foram atendidas, desse total 33% sofreram violência psicológica seguida pela violência psicológica e verbal (16%) e psicológica e física (10,3%). A maioria dos agressores é parente das vítimas (15,3%), vizinhos representam (6,9%), enquanto 64% não são identificados.
Em relação à auto-identificação (raça/cor), 57% se declararam negras, enquanto 27% se consideram brancas. A faixa etária é de jovens, entre 15 a 34 anos (68,5%). A renda declarada até um salário mínimo é de 37,9% e até três salários (24,1%). “A importância destes dados ressalta que precisamos de um olhar mais aprofundado sobre a realidade das mulheres lésbicas paraibanas. O contingente de mulheres lésbicas contempladas nesta análise ainda vivencia uma realidade de invisibilidade. É importante que as mulheres lésbicas conheçam e se aproximem mais deste serviço”, afirma a gerente de Enfrentamento à LGBTfobia, Patrícia Oliveira.
O coordenador do Espaço LGBT de João Pessoa, Victor Pilato, afirma que além do serviço de atendimento psicológico, jurídico e de assistência social, o Espaço LGBT mantém uma agente de direitos humanos lésbica que faz busca ativa em casos de denúncias. “Trabalhamos com atendimento humanizado e uma equipe multidisciplinar capacitada. O serviço é um lugar seguro, onde as mulheres lésbicas podem pedir ajuda”, afirma.
“Nosso desafio principal é promover ações de enfrentamento à lesbofobia, em especial, neste cenário conservador do país que estamos vivendo”, explica a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares. Segundo ela, a data representa um marco histórico fundamental para o movimento de lésbicas no Brasil a partir da realização do 1º Seminário Nacional de Visibilidade Lésbica, em 1996, que tratou de temas relacionados à violação de direitos das mulheres em razão da orientação sexual.