A veterinária de 33 anos que foi espancada pelo namorado, um personal trainer da mesma idade, disse que só sobreviveu aos vários golpes que sofreu “pela graça de Deus”. Câmeras de segurança flagraram o momento em que ela leva socos, chutes e tem a cabeça batida no chão, em uma praça perto do condomínio onde mora, em Goiânia. O então namorado da vítima, Murilo Morais, está preso.
A agressão aconteceu no último dia 28 de agosto, quando o casal se preparava para ir a uma igreja. A mulher, que prefere não ter a identidade revelada, disse que iniciou sessões de fisioterapia porque está sem o movimento do braço. Ela afirma que, por sorte, não teve uma lesão mais séria na cabeça.
“Estou viva pela graça de Deus. Ele batia só na minha cabeça. Foi chute, murro. Tive uma fratura completa no rádio e ulna [ossos do antebraço]. Iniciei minha fisioterapia, estou sem movimento do meu braço esquerdo. Tive um corte no supercílio, teve que dar ponto. Graças a Deus eu não tive nenhuma lesão na cabeça mais grave, mas foi muito violento”, afirmou.
Murilo foi preso logo após as agressões. Na delegacia, decidiu permanecer em silêncio. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, que já havia mantido a prisão após audiência de custódia, negou, na terça-feira (17), um pedido de liberdade feito pela defesa do personal. Segundo ele, a soltura “constitui perigo à sociedade e à própria vítima”. Ele já tinha passagem por ameaça e injúria contra outra mulher.
Tiro para o alto
O vídeo mostra quando a mulher desce de um carro e segue para o condomínio. Logo depois, o agressor também sai do veículo e vai atrás dela. Após ser abordada, ela se vira e caminha junto com o namorado para voltar ao automóvel. No meio do caminho, a mulher leva um soco no rosto e cai no chão. O tempo todo, ela tenta se defender.
A veterinária disse que as agressões ocorreram de forma inesperada. O espancamento só cessou porque um policial civil, que passava pelo local, fez a abordagem e precisou até dar um tiro para o alto.
“A gente estava só conversando. Ele realmente teve um ataque. Foi uma coisa repentina, eu não esperava. Eu desci do carro, quando voltei já levei um tapa na cabeça e cai no chão. Depois disso, a única reação que eu tive foi de me proteger com meu braço, e ele não parava de bater”, lembra.
“Ele parou de me bater quando apareceu o policial civil e pediu para ele me soltar. Enquanto o policial não deu um tiro para cima, ele não parava. Ele falou que queria realmente me matar”, completa.
A mulher, que chegou a ficar internada por alguns dias, afirma que os golpes foram tão graves que o caso foi registrado como tentativa de homicídio e não como lesão corporal.
A delegada Cássia Sertão disse que o inquérito policial já foi concluído e encaminhado ao Judiciário O G1 pediu, na terça-feira, ao Tribunal de Justiça de Goiás a situação do processo. No entanto, conforme a assessoria do órgão, a informação é de que o caso está em segredo de Justiça.
Policial fora de serviço presenciou as agressões e precisou sacar arma para que o suspeito parasse — Foto: Reprodução/TV AnhangueraPolicial fora de serviço presenciou as agressões e precisou sacar arma para que o suspeito parasse — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Policial fora de serviço presenciou as agressões e precisou sacar arma para que o suspeito parasse — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Relacionamento conturbado
O casal estava junto há quatro anos. Ela conta que o agora ex-namorado já teve comportamentos agressivos como “quebrar o celular” e “gritar” tanto
com ela como com a mãe dele, mas nunca tinha chegado a agredi-la.
Agora, ela espera que o personal siga detido e cobra uma punição rigorosa para o caso.
“O que eu vejo é que ele tem que pagar pelo que ele fez. Única coisa que acho que tem que acontecer. No Brasil tem de ter leis mais severas para este tipo de caso. Porque o agressor não pode agredir, ter a audiência de custódia e sair. Tem que realmente permanecer preso. Hoje todos os dias você vê esses casos de agressão”, desabafa.
Do G1