Silvia Grecco não imaginava que ao levar o seu filho Nickollas, cego e autista, ao Allianz Parque, para uma partida de seu time, o Palmeiras, contra o Corinthians, no final de 2018, promoveria uma mudança radical na vida de ambos. Depois de aparecer na TV narrando os lances do jogo para o pequeno torcedor de 12 anos, surgiram vários pedidos de entrevistas, filmagens e aparições em eventos.
Deste modo foi que Nickollas e a mãe tornaram-se torcedores símbolo do Palmeiras. Silvia narra todas as partidas para o filho adotivo, apaixonado por futebol. Por tamanho amor e dedicação, a dupla alcançou fama internacional e vai concorrer ao prêmio de fã do ano pela Fifa.
A premiação faz parte do The Best Fifa Football Awards, evento que será realizado em Milão, na Itália, na próxima segunda-feira (23), e que premiará, também, os melhores jogadores e jogadoras do ano, técnicos de destaque e o gol mais bonito da temporada.
“Tudo aconteceu na nossa vida muito rápido. Não pedimos para que acontecesse, simplesmente aconteceu. Não sou heroína, sou mãe, sou guerreira, vivo com ele e para ele! Luto diariamente por ele e por tantos outros. Estar no estádio e narrar o jogo para o Nickollas sempre foi rotina. A partir do instante que alguém nos viu com os olhos e nos enxergou com o coração, tudo passou a ter uma dimensão maior”, disse Silvia Grecco.
A visibilidade alcançada pela bela cena de carinho de mãe para filho tornou-se uma forma de ampliar o debate sobre acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência. Nickollas nasceu de cinco meses, fruto de uma gravidez interrompida, pesando 500g e com cegueira total – por conta da prematuridade as suas retinas não se formaram.
Foram longos quatro meses de espera e internação, até que Silvia conseguisse finalizar o processo de adoção e levar Nickollas para casa, para fazer parte da sua família. Mais tarde é que veio o diagnóstico do autismo. Como desde cedo Nickollas demonstrava interesse por futebol (principalmente pelo Palmeiras), Silvia passou a levá-lo ao estádio, narrando cada lance da partida.
“Hoje entendo tudo isso como uma missão. O mundo ama futebol, o Brasil sempre foi o País do futebol. Então, este esporte amado por todos vai nos ouvir. Vai ser nosso instrumento, a nossa voz. Vamos levar essa mensagem de inclusão sempre e com muito amor. Representamos nosso time, o Palmeiras, e todas as torcidas que respeitam as pessoas com deficiência. Não é apenas futebol!”, destacou a mãe do pequeno Nickollas.
Da Gazeta Web