Anos depois de ter estourado em todo o Brasil com a personagem Bruna Surfistinha, Raquel Pacheco foi entrevistada novamente por Roberto Cabrini no Conexão Repórter e se mostrou uma nova mulher.
Semanas depois de ter tido o filme de sua história recriminada pelo presidente Jair Bolsonaro, a escritora criticou a família tradicional brasileira e recordou suas origens, inclusive falando sobre sua mãe biológica.
“Bruna Surfistinha não faz parte da Família Tradicional Brasileira e sinto que incomodo. De certa maneira eu gosto de afrontar, mas sempre com respeito. Não me abaixo no nível dessas pessoas”, disse a famosa.
“Eu quero que a minha filha cresça sem preconceitos e respeite o livre arbítrio de todos ao redor. Se minha filha quiser se prostituir, minha reação não será de desgosto, mas de preocupação porque enfrentaria o que eu enfrentei”, refletiu.
A loira afirmou que continua recebendo convites para programa, porém, mesmo solteira, não tem mais a prostituição como parte de sua vida. Seu casamento chegou ao fim em 2015, mas hoje Raquel busca um novo amor.
“A prostituição pra mim é uma coisa muito bem resolvida na minha vida. Já recebi muitas propostas boas, oferecendo R$ 10 mil por um final de semana, mas não”, declarou.
Cabrini então perguntou se faria sexo por R$ 100 mil e Bruna declarou: “Aí seria diferente. Mas teria que ter um contrato. Todo mundo tem um preço e eu também tenho”. Em seguida, falou sobre sua família adotiva.
“Eu cresci com meu pai falando que eu trabalharia na área de Direito. Minhas irmãs conseguiram, mas fui a ovelha negra. Meu pai foi brincalhão com os outros, mas comigo, raramente foi. Havia um muro gigante entre nós”, lamentou.
“Fiz de tudo para conquistar meu pai. Durante uma fase, eu fui a melhor aluna e ele só dizia ‘parabéns’. Eu fazia isso por ele e não me sentia reconhecida. Quando me dei conta que ele queria controlar a minha vida, eu não aceitei isso”, explicou.
Foi aí que veio a decisão de sair de casa. “Quando eu saí de casa, meu pai estava dormindo de longe e, naquele momento, eu matei a Raquel. A última imagem que tive da minha mãe foi ela de costas para mim, aos 17 anos”, relembrou.
“Uma vez, depois que fugi, liguei pedindo para voltar e ouvi que não. Chorei bastante”, lamentou. Hoje, seu pai já morreu, e Bruna lamenta não ter se declarado para ele antes da sua partida. O orgulho atrapalhou a situação.
“Quando meu pai faleceu, conversei com a minha mãe e ela disse que me procuraria depois do luto. Mas não me procurou até hoje. Acho que ela já cortou esse laço de filha e mãe. Sinto falta de uma mãe, mas trabalhei isso na terapia”, relembrou.
Posteriormente, descobriu informações sobre sua família biológica, apesar de não ter conhecido. “Eu descobri que minha mãe foi abusada sexualmente e descobri que ela não rejeitou a Raquel, mas rejeitou a situação. Tive empatia e a perdoei”, revelou.
“Agora que estou me conhecendo de verdade, me descobrindo e descobrindo minha força. Na infância e na prostituição eu me sentia desprotegida. Agora, me descobri e descobri onde quero chegar”, prosseguiu.
Por fim, revelou que está preparando um canal no YouTube e uma continuação do filme, mas destacou que não tem certeza se Deborah Secco continuará no papel principal.
portal Terra