Relembre episódios de escolas de JP “atacadas” pelo preconceito e machismo típico dos tempos de Bolsonaro

By 30 de setembro de 2019Paraiba
Audiência pública sobre liberdade de cátedra

O ano de 2019 vai ficar marcado pela volta do obscurantismo, mas é preciso reconhecer que toda ação gera uma reação.
Nunca se viu, em tempos de democracia republicana, um ataque tão sistemático à liberdade de pensamento dentro das instituições de ensino público. Não se imaginou, que passadas quase duas décadas do século XXI, precisaríamos nos manifestar em defesa da liberdade de ensino. Mas são esses os fatos. O bolsonarismo tirou as máscaras de quem se envergonhava em demonstrar o próprio preconceito.
Na última sexta-feira (27), houve uma audiência pública para debater a liberdade de cátedra. Promovida pela deputada Estela Bezerra, o encontro reuniu professores, alunos, profissionais da educação com o objetivo de fazer garantir não só a lei de liberdade de ensino, mas preservar o ambiente acadêmico como um lugar sagrado na manutenção do livre pensamento.
Relembre alguns casos:
Agosto – 2019
Os professores e funcionários foram acusados de terem “obrigado” os alunos a se vestir de meninas, e as alunas, de meninos, sob pena de ter que pagar R$ 5,00 (cinco reais) caso não quisesse participar. As mensagens foram circuladas por meio de whatsapp.
O que fato ocorreu: As turmas do 3º ano, em comum acordo e de forma lúdica, decidiram que em determinados dias da semana, todos iriam assistir aulas com vestimentas de determinados temas: roupas góticas, ‘bregas’, pijamas… Quem não aderisse à brincadeira, poderia contribuir com R$ 0,50 centavos, dinheiro usado para realizar a festa de formatura da turma, no final do ano.
Não só os alunos, mas também os professores e a direção, entraram na brincadeira.
Escola Técnica Integral Técnica – Mangabeira
Agosto – 2019
A escola foi acusada de promover a “promiscuidade” entre crianças e adolescentes durante a Semana da Diversidade Sexual. Um vídeo com dois rapazes dançando forró foi exibido na Assembleia Legislativa, Eliza Virgínia e o vereador Carlão invadiram a escola para provocar tumulto e exigir uma “intervenção” da Secretaria de Educação.
O que de fato ocorreu: a Escola Técnica de Mangabeira promoveu de fato a Semana da Diversidade. A proposta faz parte do planejamento pedagógico e que tem o objetivo maior de debater o respeito e a convivência entre as diferenças. Não houve, em nenhuma circunstância, apresentação de conteúdo impróprio para crianças e adolescentes. A dança foi feita num momento de intervalo.
Setembro – 2019
Um deputado estadual fez graves acusações relativas à cartazes que estavam afixados no Centro Estadual de Ensino e Aprendizagem Sesquicentário. Usando termos como “anarquia” e “caso de polícia”, o parlamentar, que não procurou saber o contexto daqueles cartazes, se limitou a vociferar exigindo “providências urgentes” da Secretaria de Educação. Na mesma sequência de fotos, o parlamentar ainda incluiu uma reprodução fálica, desenhada no quadro por um professor, durante a aula.
O que de fato ocorreu: os cartazes faziam parte de um projeto de sociologia com os alunos do 1º e 2º anos do ensino médio, que abordou os diversos movimentos sociais; as representações sociais de direita também tiveram o mesmo espaço de apresentação; a proposta do trabalho faz parte da grade curricular da turma. Sobre a imagem fálica: se tratava de uma aula de história greco-romana. Os cartazes foram expostos na escola e o trabalho recebeu o apoio dos alunos de outras turmas, professores, direção da escola e pais de alunos.
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UPDATE: Outra escola, a Nicodemos Neves, no Castelo Branco, também sofreu com o fundamentalismo. Porém, os professores envolvidos preferiram não entrar em detalhes sobre o ocorrido.
Da redação

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