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Atualmente, o quadro de árbitros da FPF (Federação Paulista de Futebol) é composto por cerca de quinhentos profissionais. Desse número, o que chama a atenção é que apenas 14 são mulheres: cinco apitam e nove são assistentes – e elas representam apenas 3% do total. A desigualdade foi notada pela entidade, que decidiu incentivar a participação feminina e criar um curso de arbitragem exclusivo para elas. A iniciativa mostrou, em pouco tempo, que foi extremamente bem aceita e já até bateu recorde de inscrições.
O curso, na realidade, sempre existiu, mas era misto. Isso intimidava a presença das mulheres, que representavam apenas de 5 a 10% dos matriculados. Para mudar essa situação, a FPF decidiu, pela primeira vez, dividir as turmas por gênero, atraindo o público feminino. “Abrimos vagas exclusivas para elas e, em menos de um mês, 20 mulheres já estavam confirmadas e mais 70 demonstraram interesse”, disse Carlos Augusto Nogueira Júnior, diretor da Escola de Árbitros Flavio Iazzetti.
Carlos ainda afirma que, apesar de acreditar que as turmas mistas sejam mais interessantes, é preciso incentivar a inclusão de mulheres no quadro de arbitragem. “Talvez essas mulheres já quisessem fazer o curso, mas ficavam em dúvida por ser misto. Agora o curso é exclusivo para elas”. E a iniciativa já mostrou resultados: 53 mulheres já estão inscritas no curso, sendo que nas edições anteriores, a média era de apenas seis.
Figuras femininas estarão presentes no curso para passar conhecimento e experiência de vida. Entre elas, estará Silvia Regina, que foi pioneira na profissão sendo a primeira mulher a apitar jogos da elite do campeonato brasileiro masculino, além de clássicos como São Paulo x Corinthians e competições internacionais. Ela foi convidada a trabalhar na FPF assim que se aposentou, em 2008, realizando cursos especializados pela FIFA para atuar como instrutora de árbitros.
Edina Alves que, em maio, se tornou a primeira mulher a apitar uma partida da Série A do Campeonato Brasileiro desde 2005, Neuza Back e Tatiane Sacilotti, que apitaram quatro jogos da Copa do Mundo Feminina, também farão parte do curso, dando aulas sobre práticas de jogo entre outras coisas.
SOBRE O CURSO
Com duração de um ano e meio, o curso é dividido em três módulos e conta com aulas práticas, teóricas, simulados físicos, palestras e, finalmente, o estágio. Segundo Carlos Augusto, a metodologia ainda inclui regras do jogo e “outros assuntos importantes inerentes à função da árbitra de futebol, como psicologia esportiva, noções específicas de preparação física, nutrição aplicada ao esporte, gestão financeira, mídias sociais e imagem do árbitro e treinamento físico de alta performance”.
Durante o estágio, a árbitra vai atuar em jogos do sub-11 e sub-13 por cerca de nove meses. Essa primeira turma, que se iniciou agora no final de setembro, vai estar formada no fim de 2019 e estará apta para trabalhar em 2020.
De início, as novas profissionais apitarão jogos do Campeonato Paulista Feminino. Depois, elas poderão atuar também no masculino, assim como os homens também poderão apitar jogos do feminino.
do Yahoo Notícias