Para uma parcela de motoristas, o perigo de dirigir é ainda maior. Pelo fato de serem mulheres, as condutoras de veículos estão sujeitas a crimes como estupros e assédios sexuais, o que torna cada viagem com o sexo oposto um momento de tensão. Pensando nisso, criou-se um aplicativo só para elas que permite o cadastramento apenas de motoristas e passageiras do sexo feminino. O Eva Drive foi fundado no Distrito Federal em setembro deste ano.
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O comunicador Valdir Borges, 57 anos, é um dos idealizadores do app. Segundo ele, essa é uma medida de segurança e de empoderamento feminino. “Desenvolvemos essa plataforma na intenção de a condutora se sentir mais segura. É uma forma também de ela ganhar a própria renda. Tem muitas donas de casa que querem ganhar um dinheiro para contratar uma empregada ou ir a um salão de beleza, e essa é uma opção viável”, ressaltou.
Até o momento, há 220 motoristas e 2.674 passageiras cadastradas no aplicativo. O próximo passo, segundo Valdir, é adotar um botão antipânico. “Enquanto a condutora estiver dirigindo e perceber uma situação de ameaça, ela poderá acionar esse mecanismo. Ao apertar o botão, a polícia será acionada imediatamente”, destacou.
Flávia Mensur, 37, é uma das motoristas cadastradas no Eva Drive desde a fundação da plataforma. “Sou estudante de odontologia e, no estágio em que me encontro no curso, preciso de uma renda, pois é caro. A ideia, então, era poder fazer os meus próprios horários”, explicou. Trabalhar para um aplicativo de mobilidade sempre a atraiu, mas, segundo ela, a insegurança era um entrave. “Quando soube do Eva fiquei muito feliz, pois posso prestar o serviço com segurança em um app criado só para as mulheres. Eu me sinto protegida, e as passageiras também. É um verdadeiro mimo para as mulheres de Brasília”, destacou.
No Eva Drive, as passageiras também se sentem mais seguras, como conta a publicitária Nara Grilo, 28. “Conheci o aplicativo pelo Instagram, em uma campanha que elas fizeram e me apaixonei. Antes, quando eu pedia carros de outras empresas, ficava com medo dos homens que dirigiam, porque a gente corre risco de dormir no trajeto e acordar sendo estuprada ou tocada. Isso aconteceu com várias amigas minhas”, relata. Segundo a jovem, voltar para casa com segurança exige bem mais das mulheres. “Não dava para sentar no banco da frente e ficar tranquila, tinha que ficar atrás dele (motorista) e, muitas vezes, sofria assédio com olhares e assuntos estranhos. Uma vez o motorista me perguntou se era ali que eu morava, ao me deixar em casa. Isso é horrível”, reclama.
Empresas
O Correio tentou contato com as duas principais empresas de transporte por aplicativo no Distrito Federal. A Uber atendeu as ligações, mas informou que não tem um representante que pudesse dar entrevista à reportagem. Apenas disponibilizou uma nota oficial, publicada na edição desta terça-feira (15/10) do jornal. Não foi possível obter nenhum contato com a 99 Pop, que não disponibiliza canais de comunicação com a imprensa no site oficial.
do Correio Braziliense