O chargista Quino ilustrou muito bem a preguiça |
Segundo estudo publicado na revista Nature, o Brasil está em sétimo lugar no ranking de países mais preguiçosos do mundo. Este estudo foi baseado em um conjunto de critérios levantados por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Nele foram apurados dados sobre as atividades que fazemos diariamente.
Por exemplo, a média geral de passos dados é de 4.961 em um período de 14 horas por dia. Os brasileiros ficaram abaixo dessa média, com 4.289 passos diários. As conclusões apontam que grande parte dos brasileiros prefere o sofá, a sair para fazer uma caminhada, ou ir à academia, por exemplo.
E isso não se refere apenas a exercícios físicos. A preguiça também está relacionada a outras tarefas, como: lavar a louça, fazer um trabalho no prazo certo, resolver algum problema, estudar, trabalhar, entre outras coisas.
A grande questão é que se você passa por isso, não precisa se sentir tão culpado. A culpa não é inteiramente sua, mas sim dos padrões do seu cérebro.
Segundo André Buric, especialista em Neurolinguística comportamental e criador do Brainpower, a Academia Cerebral, essa preguiça que sentimos constantemente é consequência da forma natural como o nosso cérebro opera.
“A preguiça nada mais é que um mecanismo utilizado pelo nosso cérebro quando ele não consegue entender que há um motivo atrativo para você gastar sua energia fazendo aquilo. Quando estamos motivados, agimos para buscar o que nos motiva. Mas sem essa recompensa clara, o cérebro avalia a situação e prefere poupar sua energia para algo mais útil ou recompensador”, diz o especialista.
Muitos não entendem o porquê de sentirem preguiça, mas um pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, diz: “A luta é real e está acontecendo dentro do seu cérebro o tempo inteiro.”
Os pesquisadores identificaram o “paradoxo do exercício”: por décadas, a sociedade incentiva as pessoas a serem mais ativas fisicamente, mas as estatísticas mostram que, apesar de nossas melhores intenções e esforços, na verdade estamos nos tornando menos ativos.
Os resultados da pesquisa, publicados recentemente na Neuropsychologia, sugerem que nossos cérebros podem simplesmente ser conectados para preferir deitar no sofá. Estímulos visuais relacionados a exercícios físicos, consomem mais recursos, desde o momento inicial.
“A conservação de energia foi essencial para a sobrevivência dos seres humanos, pois nos permitiu ser mais eficientes na busca por comida e abrigo, na competição por parceiros sexuais e na prevenção de predadores”, relataram os pesquisadores.
Como o especialista André Buric explicou, nosso cérebro sempre busca economizar energia, e por conta disso sempre se inclinará para hábitos sedentários e preguiçosos, ao invés de hábitos ativos, como exercícios físicos, por exemplo.
“A solução neste caso, é entender o padrão comportamental do seu cérebro, e usar esse conhecimento para reverter esse processo. Por exemplo, o cérebro também busca evitar riscos, mas se você manipular os riscos a seu favor, a economia de energia ficará em segundo plano. Esse é apenas um exemplo, mas existem métodos para isso.”, diz o especialista.
Um desses métodos é a programação neurolinguística (PNL), que inclusive é uma das ferramentas defendidas por André Buric, e que faz parte do método Reprograme seu Cérebro que já conta com mais de 13 mil alunos.
Mas é importante conhecer as bases da neurociência (ciência que estuda o cérebro), da neuroeconomia (ciência que estuda o processo decisório humano). Esses conhecimentos somados a métodos práticos de estímulo do cérebro podem gerar alterações significativas nos comportamentos.
O especialista explica que “essas mudanças podem ser duradouras por conta da neuroplasticidade. Que nada mais é que a faculdade do nosso cérebro de se moldar frente aos estímulos que ele recebe. E isso é muito mais duradouro do que os “truques” que as pessoas procuram. O truque para ter mais foco, mais produtividade, e por aí vai.”
Segundo André Buric, a grande vantagem de quem aprende como estimular o cérebro corretamente, é que a pessoa fica no controle desse processo. O especialista explica que, tendo o método correto é sim possível criar novos hábitos, e eliminar hábitos antigos, como por exemplo, mudar o hábito da preguiça.
“Eu sempre sugiro trocar a palavra “truque” pela palavra “treino”. Se você aprender a treinar seu cérebro, você vai mudando os padrões comportamentais que você tem hoje.”, diz André Buric.
E complementa, “Seria incrível se todos os brasileiros tivessem conhecimento desse assunto, seguramente sairiamos do ranking dos mais preguiçosos do mundo.”
Da Exame