Diante da maior crise ambiental da história do Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro fez o que é esperado de um homem da sua estirpe: fugiu e foi passear pelo Oriente.
Passando pelo Japão, o presidente mandou fazer uma fantasia e participou da comemoração da coroação do Imperador. Na China, Bolsonaro passeou na ‘limusine comunista’ forrada de ouro, joias e seda. Também declarou que o país, que em 2019 celebrou os 70 anos da Revolução Comunista, é na verdade, capitalista. Venezuela no olhos dos outros é refresco.
Em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, o humilde presidente, que assina os documentos oficiais com caneta Bic e costuma jantar no bandejão, se hospedou no Emirates Palace. Ao lado de sua comitiva, Bolsonaro desfrutou de uma diária de R$ 2.665,00. Entre um cappuccino de R$ 82, e uma água com flocos de ouro, o presidente participou de reuniões para tratar de assuntos comerciais com os empresários árabes. Muito bom. Só que não.
O presidente não levou nenhum tradutor e a ‘conversa’ se resumiu a tentar uma comunicação por meio de mímica facial. É trágico. Mas é cômico.
Já a visita de Bolsonaro ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman deve ter sido um tédio. Para o príncipe.
“Todo mundo gostaria de passar a tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres” disse o presidente. A grande dúvida quem me vem à mente é se Bolsonaro entende menos de diplomacia, do papel de um presidente da república, ou de mulheres.
A cada tentativa de soar descolado, engraçado ou irônico, o presidente se mostra mais ridículo, despreparado, ignorante e mal ajambrado.
Nenhuma mulher em sã consciência gostaria de passar a tarde com o príncipe de um dos país mais violentos e opressores contra as mulheres no mundo. Além do fato do príncipe Mohammed bin Salman ser responsável pelo assassinato e ocultação do corpo do jornalista Jamal Khashoggi.
No final das contas, são seres ‘humanos’ que se merecem.
Bolsonaro podia ficar por lá, não faria a menor falta.
Taty Valéria