As Bruxas de Eastwick. Quem não queria ser uma dessas? |
Você é daquelas que apelam pra um chazinho de camomila quando tá ansiosa?
Já acabou algum relacionamento porque o boy era um lixo?
Já recusou assédio?
Gosta de ficar sozinha curtindo a si mesma?
Já foi xingada porque respondeu à alguma ofensa?
Já ligou o foda-se e decidiu fazer o que bem entende da vida?
Considera que sua menstruação é um processo natural do corpo, e não uma maldição do demônio?
Costuma ouvir sua intuição e se guiar por ela?
Parabéns!!
Muito provavelmente você seria queimada viva em alguma fogueira durante os séculos 14 e 18.
Hoje é comemorado o Dia das Bruxas no hemisfério norte, e mesmo não sendo uma tradição nossa, é mais um dos costumes que inserimos na nossa cultura.
Falemos das bruxas então!
Ao contrário do que muita gente imagina, a maior parte dos casos de perseguições contra bruxas, queimadas em fogueiras coletivas, não aconteceu na Idade Média, mas no início do período moderno, do final do século 14 ao começo do século 18. Existe muito exagero sobre o assunto, que só começou a ser pesquisado na década de 1970. “Idéias falsas sobre as bruxas persistem até hoje. Jamais existiu qualquer culto de bruxas, envolvendo deusas, demônios ou deuses ancestrais, e as pessoas suspeitas de serem bruxas nunca tiveram conexão com religiões pagãs antigas”, afirma o historiador Jeffrey Burton Russell, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Muitas dessas histórias foram alimentadas por escritores românticos do século 19, que criaram mitologias sobre essas figuras – a mulher que entra pelo telhado para chupar o sangue de crianças, bebe e gargalha voando de vassoura…
Mas, então, quem eram as pessoas que iam parar na fogueira? Geralmente, eram os chamados hereges, gente que não seguia o catolicismo pregado pela Igreja. Em povoados mais supersticiosos, a coisa era mais complicada: na França do século 15, há registros de epidemias que geraram uma espécie de histeria coletiva – o povo culpava as bruxas pelas doenças. Aí, bastava a mulher ser diferentona para ser considerada bruxa, perseguida e levada à fogueira.
Um caso de preconceito explícito – e numeroso. Calcula-se que entre 40 mil e 50 mil pessoas foram executadas acusadas de bruxaria.
As bruxas eram mulheres que se rebelavam, que não aceitavam viver sob ordens de ninguém, que se isolavam, que faziam chás e beberagens para aliviar dores femininas, inclusive no trabalho de parto – numa época em que as mulheres precisavam morrer de dor pra “pagar o pecado de Eva”.
As bruxas, e toda sua simbologia negativa, serviu para diminuir a importância dessas mulheres. A mulher que não se encaixava era uma bruxa. Uma mulher ruim.
E nós?
Nós somos as netas das bruxas que não conseguiram queimar.
Taty Valéria com informações da Super Interessante