Hoje é sexta-feira!
Se o seu sextar se resume a ficar em casa vendo séries (assim como o meu), aqui vai uma dica sensacional:
Assista ‘Pose’!
Produzida pelo canal FX (a primeira temporada tá disponível no Netflix), que tem como produtor Ryan Murphy, Pose mostra a realidade da comunidade LGBTQ+ de Nova York nos anos 80, com direito a muita representatividade, moda, dança e um pouco de drama também, porque afinal, nós gostamos.
A trama acompanha a vida da incrível Blanca (MJ Rodriguez), mulher transgênero que descobre ser HIV. Sabendo que seus dias estão contados numa sociedade que não se importava com a epidemia de AIDS, e que ainda não tinha tecnologia e recursos para tratar a doença. Blanca decide sair da sombra de sua mentora Elektra (Dominique Jackson) para construir sua própria casa.
Entre seus ‘filhos’, estão o talentoso bailarino Damon (Ryan Jamaal Swain), que foi expulso de casa por sua sexualidade (pode chorar se quiser) e Angel (Indya Moore), trans em busca do verdadeiro amor.
Agora vou te dar alguns motivos pra assistir a série e garanto que você não vai se arrepender:
– DÁ VOZ ÀS MINORIAS
A série retrata com maestria a vivência das minorias: gays, travestis, transexuais e estrangeiros são os protagonistas do enredo. Para se ter uma ideia, o processo de procura do elenco durou cerca de seis meses e resultou na contratação de MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson, Hailie Sahar e Angelica Ross — TODAS mulheres trans que encararam personagens que se assemelham muito com sua própria realidade fora das telas. O elenco também é predominantemente negro e apenas três atores brancos fazem parte da equipe: Evan Peters e James Van Der Beek, e Kate Mara (perfeita no papel).
Em entrevista à Vanity Fair, Rodriguez (uma das favoritas da série) diz que pretende “mostrar às pessoas que as mulheres trans podem fazer qualquer coisa. “Minha personagem, Blanca, é indisciplinada, muito ambiciosa, teimosa e amorosa, e estou muito feliz por desempenhar um papel que é muito real.”
– MOSTRA A IMPORTÂNCIA DA “BALL CULTURE”
A trama é predominantemente pautada em cima dos Balls, não tão conhecidos por nós, brasileiros, mas muito famosos na gringa. As competições da cena underground LGBT dos Estados Unidos consistem em apresentações em discotecas, muitas vezes feitas por drag queens, de diferentes tipos e objetivos. A cultura dos Balls começou no bairro do Harlem e atualmente existem ballrooms em mais de 15 cidades dos Estados Unidos, a maioria na costa nordeste (Nova York, Newark, Jersey City, Filadélfia, Baltimore e Washington). Pose foi inspirada também no documentário Paris is Burning, de 1990 e, para se ter uma ideia, Hector Xtravaganza, ícone da ball culture dos anos 80, também prestou consultoria aos roteiristas.
– TEM LOOKS MARAVILHOSOS
É chuva de lookinhos que você quer? Nos famosos Balls, os personagens vestem roupas cheias de história e cada “batalha” travada tem uma inspiração específica. A figurinista Lou Eyrich, que já havia trabalhado também em Glee e American Horror Story: Freak Show, viajou de Santa Fé a Minneapolis em busca de peças vintage. Entre os achados, estavam itens de grifes como Mugler, Lacroix e Versace – que foram direto para o guarda-roupa da personagem Elektra Abundance. Chiquérrima! Fora isso, ainda tem as roupas que os personagens usam no dia a dia e eu vou dizer: QUERIA TODOS!
– É ENGAJADA, MAS É LEVE
Pose aborda temas sociopolíticos importantíssimos, mas sem ficar denso (demais), como o boom do vírus HIV, a pressão social de se adequar a uma estética considerada feminina e a marginalização de transexuais, que experienciavam transfobia dentro da própria comunidade gay. A série também aborda a sexualidade e as cirurgias de mudança de sexo, sendo assim, super educativa.
– TEM LUCRO REVERTIDO À COMUNIDADE TRANS
O icônico e politizado, Ryan Murphy, doará seus honorários relativos à série para a comunidade transexual. Além de alimentar novos talentos procurando novos escritores e estrelas. Maravilhoso, né?
– BILLY PORTER: PORQUE SIM!
Ah, não poderíamos nos esquecer de Billy Porter, ganhador do Grammy 2019 por seu papel em Pose. Ele se tornou o primeiro ator assumidamente homossexual a receber a estatueta de Melhor Ator em Série de Drama. Porter traz humanidade e carisma para história, além de ser responsável por alguns dos momentos mais dramáticos, quando o arco de seu personagem cruza com a destruição causada pelo vírus HIV.
– A CRÍTICA INTERNACIONAL AMOU (e meus amigos próximos, também)
A Vanity Fair descreveu Pose como uma série “ousada e necessária”; a Rolling Stone incluiu-a entre o que melhor se pode ver na televisão; e a Entertainment Weekly lembrou que, embora uma de suas chaves seja o fato de o elenco ser composto principalmente por transexuais, algo histórico, “a mensagem de inclusão nunca se mistura com a missão de contar algo próximo que encanta a rainha que existe em todos nós”. Assino embaixo!
da redação, com a revista Glamour