A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) é comumente utilizada para aliviar os sintomas da menopausa. Apesar de o tratamento melhorar a qualidade de vida das mulheres, já é sabido que ele aumenta o risco de câncer de mama. Até recentemente acreditava-se que apenas a combinação de estrogênio e progesterona provocavam esse efeito e, por esse motivo, a combinação não era prescrita pela comunidade médica. Em seu lugar, era sugerida a reposição com estrogênio puro, considerada mais segura.
No entanto, estudo recente publicado na revista The Lancet mostrou que mesmo essa versão pode trazer riscos de câncer para quem faz reposição hormonal na menopausa. “Essa é uma notícia muito ruim para essas mulheres, pois a terapia hormonal melhora muito a qualidade de vida, especialmente daquelas que sofrem com sintomas mais intensos”, comenta o oncologista Antônio Carlos Buzaid, fundador do Instituto Vencer o Câncer.
Devo usar TRH?
Apesar de os resultados do estudo apontarem para o aumento do risco do câncer de mama em pacientes que usam a terapia de reposição hormonal, Buzaid explica que é possível continuar o tratamento com a TRH desde que não ultrapasse o período de até quatro anos utilizando a medicação. Isso porque a pesquisa mostrou que nesse espaço de tempo o risco de câncer de mama é menor.
Ele ainda sugere que o melhor momento para começar a usar a terapia de reposição hormonal é durante o período de transição, para facilitar os ajustes para a nova realidade. O uso deve ser interrompido dentro do período de segurança.
No entanto, o oncologista esclarece que a decisão cabe à mulher, que deve analisar cuidadosamente as possibilidades envolvida no uso – ou recusa – da reposição hormonal. “Ela precisa considerar o que é mais importante: a qualidade de vida, com a melhora dos sintomas da menopausa, ou o risco de câncer”, diz.
Segunda opção
Para quem não quer enfrentar o risco de câncer, mas não quer abrir mão de aliviar os sintomas da menopausa, existem opções no mercado que apresentam efeitos semelhantes aos das reposições hormonais mais conhecidas, como a tibolona, por exemplo. “A tibolona deve receber uma atenção especial na hora de ajudar a mulher na menopausa”, comenta Buzaid.
O especialista ressalta, no entanto, que, como toda medicação, a tibolona também apresenta efeitos colaterais – o mais significativo é o aumento do risco de sofrer acidente vascular cerebral (AVC). Outros efeitos colaterais que constam na bula são: maior risco de câncer endometrial, câncer de mama e câncer de ovário, além de trombose e doença cardíaca. Esses riscos também são encontrados na TRH com estrógeno puro.
O que fazer?
Na hora de optar pela melhor medicação – ou mesmo no momento de decidir entre usar ou não TRH – é importante lembrar que o uso de hormônios sintéticos na menopausa não está apenas relacionado a redução de ondas de calor, alterações no humor e insônia, por exemplo.
O medicamento também ajuda a reduzir o risco de doenças graves, como osteoporose, caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos, o que deixa o corpo mais suscetível a fraturas que causam dor e/ou deformidades. Aliás, esse problema é muito comum em mulheres na menopausa já que um dos fatores de risco para a doença é a falta de estrogênio.
Além disso, o novo estudo mostra que, desde que feita por períodos curtos, o risco para câncer de mama é baixo. Portanto, é importante conversar com o médico sobre todas as possibilidades, antes de tomar uma decisão.
Da Veja