Irmãs Mirabal |
Hoje, 25 de novembro, é celebrado o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 1999, mas a escolha do 25 de novembro tem uma referência mais antiga: o assassinato em 1960 das irmãs Mirabal.
Conhecidas como “Las Mariposas” (as borboletas), essas mulheres nascidas em uma família rica da província dominicana de Salcedo (hoje chamada de Hermanas Mirabal) tinham formação universitária, maridos, filhos e cerca de uma década de ativismo político na época em que foram mortas.
Duas delas, Minerva e María Teresa, já haviam passado pela prisão em várias ocasiões. Uma quarta irmã, Bélgica Adela “Dedé” Mirabal, que morreu em 2014, tinha um papel menos ativo na oposição e conseguiu se salvar.
Naquele 25 de novembro, funcionários da polícia secreta interceptaram o veículo que transportava as irmãs em uma estrada da província de Salcedo, no norte do país.
As mulheres foram enforcadas e depois espancadas para que quando o veículo fosse jogado no precipício a morte parecesse resultado de um acidente de carro.
A popularidade das três mulheres, somada ao aumento dos crimes, torturas e desaparecimentos daqueles que se atreviam a se opor ao regime do ditador Trujullio fizeram com que o assassinato marcasse a história dominicana.
Nas palavras de Julia Álvarez, escritora americana de origem dominicana, a chave para explicar por que a história das irmãs Mirabal é tão emblemática é que foi dado um rosto humano para a tragédia gerada por um regime violento, que não aceitava dissidências e que já estava há três décadas cometendo assassinatos no país.
“Esta história foi o ‘basta’ para os dominicanos, que disseram: quando nossas irmãs, nossas filhas, nossas esposas, nossas namoradas não estão seguras, para que serve tudo isso?”, afirma Álvarez, autora do romance El tiempo de las mariposas, que inspirou um filme de mesmo nome. Confira o trailer.
Nesse sentido, a diretora do Museu Memorial da Resistência Dominicana afirma que todos os envolvidos na execução de Trujillo a tiros, em maio de 1961, “citam o crime das Mirabal como a última gota que fez o copo transbordar”.
Hoje Minerva, Patria e María Teresa são um símbolo da República Dominicana.
No país caribenho, além de uma província com o nome delas, há um monumento em uma avenida central da capital Santo Domingo e um museu em sua homenagem, que se transforma em local de peregrinação a cada 25 de novembro.
Além disso, desde 1981 a data de suas mortes se tornou, em toda a América Latina, um dia para marcar a luta das mulheres contra a violência.
Nesse dia foi realizado o primeiro Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, em Bogotá (Colômbia) – no qual as mulheres denunciaram os abusos de gênero que sofriam no ambiente doméstico, assim como a violação e o assédio sexual por parte dos Estados, como a tortura e a prisão por motivos políticos.
Em 1999, a ONU transformou o dia em uma data comemorativa internacional.
da BBC Brasil