Espancado e morto pela própria mãe por ser gay: um retrato sórdido da sociedade

By 29 de novembro de 2019Brasil, Machismo mata

Itaberli Lozano, era um adolescente gay. Vivia com sua família, que não aceitava sua condição. O rapaz era constantemente espancado pela mãe e pelo padastro. Cansado de apanhar, Itaberli foi morar com a avó.

Dias depois, Tatiana Ferreira Lozano Pereira, mãe do adolescente, o chamou pra conversar. Disse que queria fazer as pazes. Ele acreditou, e foi ao encontro da mãe. É possível crer que no caminho, ele deve ter pensado que finalmente as coisas se acertariam, que ele poderia ser quem era sem precisar apanhar. Que talvez, ele pudesse voltar a viver com a família que tanto amava.

Com a ajuda dos outros dois homens e de um adolescente de 16 anos, Tatiana submeteu o filho a uma sessão de espancamento e depois o golpeou com facadas no pescoço. Após constatar a morte, ela pediu ajuda ao marido, padrasto de Itaberli, para se livrar do corpo. O cadáver do filho foi levado a um canavial e incendiado. O caso aconteceu em Cravinhos, no interior de São Paulo.

Itaberli, assassinado pela própria mãe

Tatiana só notificou a polícia sobre o desaparecimento de Itaberli oito dias depois do crime. Foi necessária perícia para a identificação do corpo parcialmente carbonizado.

Depois de uma investigação, Tatiana foi acusada de homicídio.

Finalmente, na última quarta-feira (27), o Tribunal do Júri condenou Tatiana a 25 anos e 8 meses de prisão em regime fechado.

Outras dois envolvidos no crime, Victor Roberto da Silva e Miller da Silva Barissa, foram condenados, cada um, a 21 anos e 8 meses de reclusão. As defesas vão entrar com recursos.

Durante o processo, o Ministério Público sustentou que o crime tinha sido motivado por homofobia, pois a mãe não aceitava a condição do filho de ser homossexual.

Em depoimento, ela chegou a dizer que “não aguentava mais ele”, reclamando que o filho levava homens para casa e usava drogas. Tatiana, no entanto, sempre negou a homofobia.

Padrasto

O julgamento do padrasto, Alex Canteli Pereira, foi adiado porque seu advogado, que também defendia a mulher, deixou o caso alegando conflito de interesses. Pereira responde pelo crime de ocultação de cadáver.

Durante o processo, o padrasto contou que a mulher havia relatado a ele como havia dado as facadas que mataram o filho. Tatiana foi condenada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela foi levada para a penitenciária de Tremembé.

O julgamento do padrasto de Itaberli ainda não tem data para ser retomado.

Pelo menos a justiça foi feita.

da redação, com Portal Terra

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