Transgênero indígena em capa de revista é luz no fim do túnel em tempos de intolerância e xenofobia

By 29 de novembro de 2019Fora do Armário, Lute como uma garota

Representatividade importa!

A capa da Vogue México, na sua edição, surpreendeu. Foi a primeira vez em 120 anos que a revista inseriu uma modelo transgênero indígena em sua magazine, mostrando uma indígena de identidade ‘muxe’, um terceiro gênero culturalmente original nas comunidades de Juchitan, Oaxaca, no sul do país.

A capa com a modelo muxe, Estrella Vazquez, também será editada na versão britânica da revista. É a primeira vez em anos que a Vogue irá dar espaço para a representatividade à essa comunidade bastante tradicional do México, mas pouco conhecida no Brasil.

Vazquez desconhecia a Vogue até ser convidada para a sessão de fotos ao lado de outras muxes de Oaxaca. “Todo mundo está vendo essa capa, todo mundo está me parabenizando muito. Eu não sei, é difícil expressar essas emoções que estou sentido. Me dá vontade de chorar”, afirmou a modelo ao The Guardian.

A representatividade muxe é bastante importante para a redução do preconceito. “Eu penso que é um passo enorme. Ainda há discriminação, mas não tanto mais e, sem dúvida, muito menos do que se via antes”, declarou a modelo.

erceiro gênero tem um importante papel dentro da história zapoteca e se transforma na prova viva de que a magia ancestral ainda caminha por essas terras”.

Fabulosa!!!

Quem são as muxes

Muxe é uma identidade de gênero própria da comunidade de Oaxaca, no México. A comunidade zapoteca, que é majoritariamente indígena, identifica como muxes pessoas que nasceram com o sexo masculino, mas transitam entre a feminilidade e a masculinidade. É um terceiro gênero em que os muxes não são nem homens, nem mulheres.

“Em zapoteca, assim como no inglês, não há gênero gramatical. Há apenas uma forma para todas as pessoas. Por isso muxes nunca tiveram de se perguntar se são mais homem ou mais mulher”, explicou Lukas Avedaño à BBC. Lukas faz parte da comunidade muxe.

a relação dos muxes tem pouquíssima ou nenhuma relação com orientação sexual. Muitas se casam com mulheres e tem filhos, enquanto outras mantém parceiros homens. A sexualidade, portanto, não tem conexão com a identidade de gênero.

As muxes assumem muitas vezes papéis de cuidado de idosos, e de tarefas equivocadamente descritas como ‘femininas‘, especialmente no auxílio ao trabalho manual. Isso se dá majoritariamente porque em Juchitan, principal cidade da comunidade Zapateca no México, segundo antropólogos, a organização social é predominantemente matriarcal – o que faz com que as muches tenham um importante papel no trabalho familiar.

Elas também exerceram importantíssimo papel no resgate de vítimas do território após um terremoto de 8.1 pontos na escala Richter que assolou Juchitán em 2017. A partir desses eventos, inclusive, o respeito e o carinho da comunidade de Oaxaca pelas muxes se intensificou. Anualmente ocorre o ‘Vela’, um festival que celebra o terceiro gênero zapateca.

do site Hypeness

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