Os dados, conseguidos com exclusividade pelo Paraíba Feminina, são da Secretaria Estadual de Saúde e apontam um número assustador: em 2019, 2.330 mulheres foram atendidas na rede saúde pública vítimas de violência doméstica. Um aumento de 24,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Só em Campina Grande, o aumento chega a 37,3%. Coincidência ou não, o fato é que Campina se tornou o grande oásis bolsominion na Paraíba.
Infelizmente, os números não mentem. E comparando com outro dado, o Anuário de Segurança Pública, relativo à 2018 e publicado em agosto desse ano, existe uma diferença significativa entre as mulheres que foram atendidas na rede de saúde pública e aquelas que concretizaram a denúncia:
Foram 2.002 denúncias nas Delegacias da Mulher, e 1.868 atendimentos em hospitais e UPA’s. O que isso significa, na prática?
Que as mulheres não estão esperando a violência se tornar física para se tomar uma atitude, e isso precisa ser celebrado. Mas o aumento de quase 25% de atendimentos nos deixa em alerta sobre o ainda precisa avançar e nos retrocessos que estamos inseridas.
Se por um lado existe a consciência sobre as diversas formas de violência doméstica, as mulheres estão cada vez mais vulneráveis à um perigo que divide a mesma casa, e dorme na mesma cama. Dados do Ministério da Saúde apontam que a cada 4 minutos, uma mulher é agredida no Brasil. Não há como não fazer relação dessa violência tão próxima com quem nos governa hoje.
Bolsonaro jamais demonstrou qualquer apreço, empatia, ou interesse sobre questões relativas à violência de gênero. O desmonte das políticas públicas e a escolha da ministra Damares são a maior prova disso. O tema é seguidamente tratado com desdém, encenação, piada. É tudo um grande palco com performances sofríveis, e nós, meras espectadoras e vítimas dessa tragédia.
Taty Valéria