Não há prisão que nos tire das ruas; não há doença que nos afaste do sonho; não há razão que nos impeça de lutar por um mundo melhor, por um Brasil para nós.
Conheci Paula enquanto jornalista e ativista pelos direitos das mulheres. Nosso contato se resumiu à algumas reuniões e encontros. Conheci seus pais, Paulinho e Maria, pouco tempo depois de vir morar em João Pessoa, ainda em 2006.
Me senti na ‘obrigação’ de prestar uma homenagem que fosse justa, mas que representasse o tamanho de Paula em relação à vida, aos amigos, à luta…
“Paula Adissi foi uma mulher que acima de tudo amava a vida, na certa por isso, escolheu o caminho da luta como a melhor forma de defende-la e compartilha-la.
Paula é parte de uma história coletiva e uma presença única em cada uma e cada um com quem conviveu. Com Paula aprendi tanto, em tantas e tantas reuniões, encontros, discussões, debates, atos, plebiscitos, intervenções, marchas, conspirações, viagens, festas, risos e frases vermelhas em noites de solitários e compartilhados sonhos de revolução. Uma companheira daquelas que faz o sonho valer a pena!
O que construímos e que para tanta gente é parte essencial de suas vidas, sem ela não teria a metade da beleza que sua mística imprimiu em nossas histórias. Sua mística não se traduzia apenas nos momentos de encontros e celebrações, era parte do afeto e cuidado que tinha com cada uma e cada um de nós com quem compartilhava a vida e a luta.
Escolheu e tinha muito prazer em ser mãe de Gabrielzinho e Malu. Uma mãe daquelas que educa pra vida e pra liberdade. Com o carinho e a firmeza necessária de quem se coloca a frente para os embates do seu tempo. Esse seu jeito maternal se revelava no trato com a “organização”, a “luta” e com as pessoas que as fazem. Se expressava sempre em pequenos gestos de carinho em forma de “presentinhos”, muitos coloridos, alegres, feitos a mão e com frases de esperança e rebeldia, sempre na direção da força de viver.
Não tinha medo de assumir o comando, era decidida, não temia perder a ternura exercendo a dureza necessária para cumprir as tarefas que lhes cabia. Honrou a palavra Companheira e gostava de “ter companheiras/os” como poetizou em seus versos. A vida não será a mesma sem ela, a luta segue porque, também por ela, não é possível desistir.
Seu exemplo será inspirador, mas a saudade estará sempre presente.”
Sávia Cássia