Surgiu do nada, apenas como um sinal e, de repente foi crescendo. Esse pode ser o discurso de quem se vê diante da dúvida a respeito de uma simples mancha ou a possibilidade de um câncer de pele. Destinado a conscientização da população para o diagnóstico precoce do câncer de pele, anualmente, é realizada no Brasil a campanha do Dezembro Laranja. A dermatologista do Hapvida em João Pessoa, Marília Aranha, explica o que difere as pintas ou manchas comuns que surgem e, algumas vezes, são indicativos de câncer.
“Em relação ao câncer do tipo melanoma o que o diferencia são as características. Geralmente é uma lesão irregular, que surgiu abruptamente, com bordas irregulares, possuindo mais de uma coloração, presença de sangramento, crescimento rápido e mudança de aspecto, todos esses são sinais de alerta”, afirma a especialista que ressalta ainda que existem vários tipos de lesões benignas na pele que se confundem com câncer. “Na dúvida, é sempre bom buscar um especialista”, orienta.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que em todo o Brasil, serão 165.580 novos casos de câncer de pele, sendo 85.170 homens e 80.410 mulheres. Apesar dos números elevados, a dermatologista explica que é possível obter a cura do câncer de pele na maioria dos casos. “Sendo diagnosticado o câncer, o tratamento é por meio de cirurgia. Esta, por sua vez, só não é realizada quando há alguma contra-indicação”, destaca.
Mesmo o câncer de pele sendo curável, Marília Aranha lembra que, infelizmente, a ainda existem dados de óbitos por conta de câncer de pele, e este alcança o número de 1.900 por ano em todo o Brasil. Desse total, 1.700 são causados pelo tipo melanoma que, segundo a médica, em sua maioria pode ser curado com diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Na Paraíba, os números alcançam a marca dos 1.700 novos casos da doença para este ano. Desse total, 60 do tipo melanoma e 1.640 não melanoma. Diante de tal realidade, a dermatologista afirma que a população ainda não despertou para necessidade dos cuidados com a pele, sendo um deles o uso de protetor solar. “Infelizmente as pessoas ainda olham para o protetor solar como se fossem um cosmético de beleza, principalmente os homens, este público possui uma maior resistência ao uso diário do produto, quando ele deve ser encarado como um medicamento contra o câncer.”, destaca.
Além do uso de protetor solar, a especialista destaca que nesse período mais quente é preciso atentar também para ingestão de água. Pois, com o aumento da temperatura, a pele é um dos primeiros órgãos a sofrer com a desidratação e a pele desidratação, tornando-se assim, mais fragilizada e susceptível ao surgimento do câncer de pele.
Orientação – Para as pessoas que trabalham sob a exposição do sol a orientação da dermatologista é para tentar cobrir o máximo possível a pele. Substituindo short por calças, usando camisas de mangas compridas, porém leves, chapéu e o protetor solar. “Aqui vale destacar que as roupas de proteção solar, com filtro UV, elas realmente funcionam e investir em proteção é se prevenir contra um câncer, além do fotoenvelhecimento”, afirma.
Curiosidade – Muito se questiona se as pessoas de pele negra possuem uma menor probabilidade de desenvolver câncer de pele do que uma pessoa de pele branca. Nesse quesito, Marília Aranha esclarece que a grande diferença entre uma pele mais branca e uma negra é a quantidade de melanina, que funciona como um fotoprotetor. “Isso significa que as pessoas negras têm uma fotorresistência maior, o que não assegura o direito de um passaporte para exposição ao sol livremente, sem uso de filtro solar e proteção. O povo brasileiro como todo é uma mistura, sendo assim, de um modo geral, a genética não favorece em relação ao surgimento do câncer de pele. O fato de uma pessoa ser mais branca ou negra não pode ser levado em consideração, porém, quem tem pele, olhos e cabelos mais claros possui menos melanina e maior tendência a desenvolver câncer de pele”, esclarece e conclui.
da redação