Já havíamos cantado essa bola. A máquina de moer reputações estava a todo vapor, e nesta quarta-feira (18), alcançou o êxtase.
O fato é que a Paraíba nunca ‘engoliu’ certas coisas. A terra que condenou Anayde Beiriz ao suicídio não gosta de mulheres que se impõe por seus próprios méritos. É preciso ser filha ou esposa das oligarquias pra poder entrar no ‘clube’.
Vamos aos fatos:
Amanhecemos na terça-feira com a notícia de que mandados de prisão haviam sido expedidos para determinadas pessoas, que estariam envolvidas diretamente na Operação Calvário. A deputada estadual Estela Bezerra, que jamais foi chamada para ser ouvida ou prestar esclarecimentos, foi detida, acusada de crimes que ela sequer teve a oportunidade de se defender. Enquanto parlamentar, possui imunidade, o que foi deliberado por maioria em votação na Assembleia Legislativa ainda na noite de terça.
Por motivos que vão além do conhecimento jurídico, a decisão pela sua soltura não foi comunicada às autoridades judiciais competentes. Estela deveria ter sido liberada imediatamente, o que não aconteceu.
Na quarta-feira (18), Estela foi a primeira a participar da audiência de custódia, que aconteceu na sede do Tribunal de Justiça. Usou seu poder fala e questionou os motivos de estar ali, quando juridicamente e constitucionalmente, não deveria estar. Lhe foi negado o direito de ter conhecimento sobre os autos do processo. Lhe foi negado o direito de ter sua liberdade garantida.
Um alvará de soltura que estava no mesmo prédio, 4 andares acima, na mesa de um desembargador que se recusava a assinar um documento de garantia de lei e de direito. Que nome se dá à isso?
Estela jamais se recusou a colaborar.
Mas o espetáculo não podia parar. O constrangimento e a humilhação precisavam ser levados às últimas consequências. Os justiceiros paraibanos ainda não haviam se regojizado o suficiente. Era preciso mostrar que se você não faz parte do ‘clube’, é assim que você será tratado.
Estela dormiu em casa. Numa mensagem cheia de força e altivez, disse estar cercada da família, dos amigos queridos. Agradeceu a solidariedade e ‘cada batida de coração’ feita à ela. Encerrou dizendo que a luta começa agora. Lutemos.
Taty Valéria