“Foi difícil. Foi muito difícil. Eu tentei entrar, mas o bombeiro disse: ‘Não pode, é perda total! Não tem nada mais para se fazer’”, são as palavras de Arleide Maciel Viana, de 52 anos. A pedagoga teve o apartamento perdido num incêndio que tomou todo o lar onde morava com as duas filhas e uma sobrinha de seis anos.
No dia 20 de setembro do ano passado, por volta das 10h da manhã, a filha da pedagoga, Aline, que trabalha na mesma escola que a mãe, foi informada por uma vizinha que o apartamento estava pegando fogo. Assustada, a jovem de 32 anos seguiu em direção a casa onde moravam, juntamente com Arleide.
Chegando perto da residência, e se dando conta da dimensão do incêndio, a mãe se desesperou e pediu pressa à filha. Foi quando, na rua Parambu, de número 321, ela soube que todos os pertences, roupas, móveis, documentos e fotos de histórias vividas ali tinham voado com as chamas que tomaram conta do imóvel.
Após o trabalho dos bombeiros, a perícia feita no local não conseguiu encontrar o motivo exato da causa do incêndio, mas não descartou a possibilidade de que um curto circuito tenha sido o gerador da tragédia.
Desde então, a família composta por Arleide Maciel Viana, Aline Maciel Viana, de 32 anos, Arlene Maciel Viana, de 30 anos e Amanda Victória, de 6 anos, mora de favor na casa da uma parente que as acolheu desde o dia do incidente.
As três saíram para trabalhar no dia 20 de setembro apenas com a roupa do corpo e hoje estão sobrevivendo com ajuda de pessoas próximas que se mobilizaram para gerar em doações, projetos para arrecadação de fundos, para que elas possam pagar os prejuízos oriundos do alastramento do fogo.
Foi assim que surgiu a ideia de amigos da família para a criação de uma vaquinha virtual (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/recomeco-aline-marciel-viana). Materializada pela subsíndica Sheila, a arrecadação online tem a meta de R$ 30 mil, que será destinada para a cobertura de despesas dos vizinhos que tiveram móveis e utensílios danificados e a fachada do prédio até a altura do sétimo andar precisou de reforma.
“Quando entramos no apartamento, dormimos no chão. A primeira coisa que compramos foi uma cama e comemoramos bastante. Fomos comprando as coisas, devagarzinho”. Assim, as três mulheres batalharam e transformaram o apartamento num lar; Arleide e a sobrinha Amanda dormiam juntas no cômodo onde o fogo começou e, no quarto ao lado, as filhas Aline e Arlene dividiam uma bicama.
Denominada “Recomeço”, a vaquinha tem arrecadado até o momento, o valor de R$ 2.590 que não paga, por enquanto, o prejuízo do vizinho do andar de cima, com o qual elas terão que arcar. Ainda esperando resposta da seguradora que não se responsabilizou pelos danos que não fossem estruturais ou que fossem fora das áreas comuns do edifício.
Uma história de superação
Com 52 anos de idade, Arleide Maciel Viana se divorciou quando as filhas ainda eram muito novas e saiu de Fortaleza em direção a Salvador, sua cidade natal. Sem apoio financeiro e emocional do ex-marido, ela batalhou desde os vinte e poucos anos para se manter dando aula de reforço no terreno cedido pelos pais. Ali, ela montou sua sala para trabalhar e morava com as duas filhas.
Alguns anos depois, ela passou num concurso no qual trabalharia sob Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). Então, em jornada quádrupla, ela administrava as aulas particulares, faculdade, escola onde trabalhava e a criação das duas filhas.
Amanda, sobrinha de seis anos, de quem a pedagoga cuida com muito zelo, é a caçula da família. A mãe da menininha sofre com deficiência física e é impossibilitada de cuidá-la.
Sem perspectiva de futuro, aguardando decisões dos condôminos, e sem saber quando poderão retornar, a família permanece recebendo doações online ou através de depósito no banco da Caixa Econômica. Para os interessados em realizar doações, o número da agência é 0618, conta 23409-7, operação 013, com titular Arlene Maciel Viana matriculada no CPF 024.953.125-94.
Do A Tarde