E ontem teve entrega do Oscar 2020.
Muito se esperou em relação aos discursos cheios de ativismo e engajamento, mas o fato é que salvo algumas exceções foi tudo dentro do roteiro.
De qualquer forma, foi uma noite interessante e histórica, e minha veia cinéfila amadora conseguiu destacar os melhores momentos.
Ainda no tapete vermelho, a Natalie Portman divou com seu look. Mandou bordar os nomes de todas as diretoras que NÃO foram indicadas.
Petra Costa usando um vestido vermelho foi acinte? Vamos acreditar que sim.
Billie Elish nos provou que temos a possibilidade de usar uma roupa de tapete vermelho, porque pijama todas temos. E é o máximo que vocês vão ler sobre os vestidos.
Momento mágico quando a Capitã Marvel, a Ripley e a Mulher Maravilha subiram ao palco e mandaram a real: “Estamos aqui juntas para dizer que as mulheres são grandes heroínas”. E estão erradas?
Na transmissão do GShow, Dira Paes conseguiu tempo pra falar de sororidade. Achei digno.
Laura Dern ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante por “História de um Casamento”. No filme (que está disponível na Netflix), ela faz o papel de uma advogada que vai representar a esposa num processo de divórcio, e o discurso dela sobre o peso da maternidade na vida das mulheres por si só já merecia um prêmio.
Renée Zellweger ganhou o Oscar de Melhor Atriz por “Judy: Muito Além do Arco-Íris”, onde interpreta o último ano de vida da atriz Judy Garland, que se encontrava em decadência. Podemos dizer que o prêmio foi duplo. Judy finalmente ganhou o Oscar que a Academia negou, e Renée conseguiu se reinventar e sair do ostracismo que se encontrava. Sim, foi merecido.
O agradecimento da Hildur Guðnadóttir, que ganhou o Oscar de melhor trilha sonora por Coringa, foi a coisa mais linda dessa vida. “Às meninas, às mulheres, às mães e às filhas: Por favor tenham voz, nós queremos ouvir vocês”.
Democracia em Vertigem não levou o prêmio, mas valeu pela indicação e pelo chorume dos homens que vão ter que tomar muita cerveja artesanal pra engolir o sapo desse documentário ter se tornado assunto durante tanto tempo.
No discurso de agradecimento, Julia Reichert, diretora do documentário “Industria Americana”, produzida pelo casal Obama, soltou “Trabalhadores do mundo, uni-vos!” Karl Marx no Oscar e quem quiser que ache ruim.
Joaquim Phoenix ganhou o Oscar de melhor ator causando zero surpresa e deu uma aula sobre as mazelas do capitalismo. Teve gente que reclamou que o ator não citou ninguém da equipe, mas não se pode ter tudo.
Jane Fonda entrou para entregar o Oscar de melhor filme segurando o icônico casaco vermelho que ela usa toda vez que vai presa por defender o meio ambiente. Ela já é uma lenda e só isso importa.
Parasita ganhou os prêmios de melhor diretor, melhor filme, melhor filme internacional e melhor roteiro. Foi o primeiro filme de língua não inglesa a ganhar o Oscar na categoria Melhor Filme, desbancou todos os favoritos e abriu um dos melhores precedentes de Hollywood além de mostrar aos americanos que ler legendas não vai matar ninguém. Bong Joon Ho, que desde o primeiro prêmio da noite já tinha prometido encher a cara até de manhã, deve estar até agora curtindo sua merecida vitória.
A única parte confusa da noite foi a apresentação do Eminem cantando “Lose yourself”. A música ganhou o Oscar em 2003, Eminem não foi à premiação, a apresentação não estava no roteiro divulgado e ficou todo mundo com cara de **. Martin Scorsese cochilou na apresentação. As pessoas aplaudiram de pé e até agora eu não sei se foi um ato de deboche/ironia.
a apresentação de Eminem resumida numa foto |
Taty Valéria