Jhuliana Ferreira |
Um vídeo que viralizou nas redes sociais semana passada mostrou duas coisas bem comuns e corriqueiras, mas que por terem sido publicizadas, acabou gerando desconforto. O tratamento de um médico com uma enfermeira; e o tratamento de um homem com uma mulher. No vídeo abaixo, é possível ver como José Gilberto Luna Sobrinho, médico, trata a enfermeira Jhuliana Ferreira. E aí vem o questionamento: ele teria tomado essa atitude se o profissional de enfermagem fosse um homem? Ele teria tomado essa atitude se não fosse médico? Será que ele imaginou que a “importância” da profissão lhe deu esse direito?
Jhuliana Ferreira foi agredida verbalmente por um médico psiquiatra visivelmente alcoolizado. Os xingamentos começaram após o médico reclamar de não ser prioridade no atendimento. Aparentemente tranquila durante o vídeo, a técnica de enfermagem conta que não foi bem assim.
“Aparentemente, né? Porque na hora eu me tremia tanto… Foi um misto de sentimentos. Deu medo, deu angustia, deu vontade de chorar. Me senti pressionada ali também. Me deu raiva também. Eu sou ser humano. Por ouvir tudo o que eu ouvi ali naquele momento. Mas tive a consciência de que alguém estava precisando do meu cuidado então eu só fiquei com o pensamento: ‘Eu preciso continuar com o que estou fazendo. É o meu trabalho e eu vou continuar’”.
Bêbado, médico humilha profissional de enfermagem que lhe pediu para esperar por procedimento.
Fátima Bernardes comentou com o psiquiatra Marco Antonio Abud o perigo que o paciente teria colocado a Jhuliana, já que no momento da agressão ela estava ministrando um medicamento. Ele concordou com a afirmação da apresentadora e pediu perdão em nome da classe médica, além de explicar que profissionais de enfermagem estão mais expostos a sofrer esse tipo de agressão verbal. O especialista também explicou se o álcool pode mudar a personalidade de uma pessoa.
“O que o álcool faz com o nosso cérebro? Ele anestesia o nosso filtro social. Então ele diminui o nosso centro de controle que fica no córtex pré-frontal. A gente fica mais impulsivo, mais desinibido, mais extrovertido. E a gente perde um pouco a capacidade de empatia pelo outro. Mas o álcool não muda a personalidade, não muda os valores morais da pessoa e não muda as ações morais da pessoa. Resumindo: o álcool é um facilitador, ele não justifica nenhum tipo de comportamento inadequado.
Jhuliana conta como foi a primeira noite após toda a situação:
“A primeira noite em si foi complicada. Meu esposo sabe. Quando eu contei o acontecido [ao esposo] só sabia chorar junto. Porque é ruim passar por uma situação dessa onde dentro da sua casa, com a sua família você nunca vivenciou. E você ouvir tudo aquilo de um estranho. Eu estou recebendo todo apoio do meu conselho [Conselho Regional de Enfermagem – Coren], da instituição onde eu trabalho, dos colegas, da minha família. Então minha cabeça está bem tranquila, que eu sei que eu fui um alvo ali. Eu não fiz nada para que aquilo acontecesse”.
Por fim, o doutor Abud deu algumas dicas de como reagir a ofensas: evitar o embate, tentar acalmar o outro, propor uma solução.
com informações do ClickPB