Sábado (15) começou a circular um vídeo nas redes sociais com os livros da Biblioteca da Presidência empilhados no chão. No espaço, será montado o gabinete da primeira-dama Michelque, ops, Michelle Bolsonaro.
A biblioteca fica em um prédio anexo ao Palácio do Planalto, ao lado da Vice-presidência. O espaço será reduzido pela metade para receber a equipe do programa Pátria Voluntária, coordenado por Michelle. O local também vai abrigar uma sala para a primeira-dama.
Essa é a segunda vez que o governo federal banca uma reforma para abrigar Michelle Bolsonaro e sua equipe na Esplanada. Há sete meses, foram gastos R$ 330 mil em obras no Ministério da Cidadania para adaptar salas para a primeira-dama e servidoras do Pátria Voluntária.
Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência informou que “a biblioteca da Presidência da República vem passando por um permanente processo de modernização” e que “no que se refere às recentes alterações do espaço físico, 100% do acervo físico será preservado, em condições técnicas adequadas. E que “havia em torno de 40% de espaço não utilizado nas estantes da biblioteca, de forma que, mesmo com as alterações promovidas, ainda restará margem para ampliação do acervo. Essas mudanças também visam otimizar os espaços físicos da Presidência, permitindo que outras atividades relevantes possam ser desempenhadas pelos seus servidores.”
A nota é bem escrita, bem diferente do que sai da boca do presidente.
O fato é que o desmonte da memória e da história do Brasil está em risco real e imediato. Com o desmonte, a biblioteca presidencial do Planalto terá seus espaços de estudo, convivência e leitura praticamente extintos. Também não terá mais capacidade de aumentar o acervo, segundo pessoas que acompanham as obras.
A biblioteca da Presidência foi criada no governo do presidente Venceslau Brás, entre 1914 e 1918, quando a sede do governo ainda era no Rio de Janeiro. Com a construção de Brasília, primeiro foi instalada no prédio principal do Planalto, mas em 1979 foi transferida para o anexo. Tem um acervo de 42 mil itens – três mil discursos de presidentes da República, obras de direito, economia e administração. É aberta ao público de segunda a sexta-feira.
Bolsonaro não gosta de livros, “tem muita coisa escrita”.
Questionado por repórteres, Bolsonaro repetiu o gesto da “banana”, o que não deixa de ser apropriado, já que talvez a banana tenha substituído a arminha com a mão.
Taty Valéria