Que o coronavírus vai causar um colapso econômico em todo o planeta, não é novidade.
O saldo final do prejuízo que virá com o confinamento de milhões de trabalhadores é incalculável. Fato. Mas é preciso pensar que sem pessoas, não há economia, e não o contrário.
O homem é um ser social, já dizia Aristóteles, já dizia Marx. Precisamos de pessoas vivas e saudáveis para que exista uma civilização.
Mas ao contrário do que preconiza a OMS, estamos vivendo num país que coloca em prática um conceito bizarro, cruel e assassino: a necropolítica. Nunca ouviu falar? Eu não o conhecia até ontem, e de fato, é um sistema que já estava sendo utilizado no Rio de Janeiro e que, por vontade do presidente e de alguns de seus apoiadores mais assassinos, seria a meta perfeita de reordenamento social e econômico para o Brasil.
Num resumo bem resumido, a necropolítica parte do princípio que, se for preciso matar pessoas para se construir um projeto, que se mate. Isso vale desde uma menina negra assassinada, no colo da mãe, por um policial, até seu avô e sua avó. Pesado? É sim. E o que uma coisa tem a ver com a outra? Eu explico:
Em setembro de 2019, Ágatha foi assassinada por um tiro de fuzil, durante uma operação da Polícia Militar no Morro do Alemão, Rio de Janeiro. Até aquela data, outras 16 crianças haviam sido assassinadas em operações. Em diversas ocasiões, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que numa guerra, sempre há ‘baixas’, então a morte daquela criança seria nada mais do que uma consequência ‘inconveniente’ diante de um bem maior, a segurança pública.
Pula pra março de 2020.
O conceito de necropolítica volta. Em nome de manter a economia, que se sacrifique os idosos, os pobres, os presidiários, os moradores de rua, e os doentes. Quando Bolsonaro, e o seu gado, diz que não é preciso se preocupar com uma ‘gripezinha’ porque só quem está em risco são os idosos, ele afirma categoricamente que essas vidas não importam.
O que seriam 5 ou 7 mil idosos mortos diante de tantos negócios quebrados, não é mesmo?
Taty Valéria