Em comparação com as mulheres, os homens tendem a se expor mais a riscos, ignorar mais recomendações de saúde pública e demorar mais a procurar ajuda médica quando necessário. Essas generalizações — que já apareciam no radar de departamentos de recursos humanos e das empresas preocupadas com o bem-estar de seus funcionários — começam a receber investigação mais atenciosa durante a pandemia de covid-19. Torna-se claro que homens são mais facilmente infectados pelo coronavírus e, uma vez infectados, morrem mais facilmente que as mulheres.
Esse padrão foi percebido inicialmente na China (uma análise mostrou mortalidade de 2,8% entre homens e 1,7% entre mulheres, segundo The Guardian) e se mantém em todos os países que divulgam as estatísticas da pandemia também com recorte por gênero — Alemanha, Coreia do Sul (onde mais mulheres ficaram doentes e mesmo assim mais homens morreram), Espanha (dados divulgados em 23/03 mostraram que dois terços dos mortos pela doença eram homens), França, Irã e Itália (onde 71% dos mortos pela doença são homens). No Brasil, nesta quinta-feira (26/03), entre os mortos por causa da pandemia, 33 eram homens e 15, mulheres. Pesquisadores reclamam que 14 países que divulgam estatísticas, entre eles Estados Unidos e Reino Unido, não fazem a divisão por gênero.
O motivo da diferença permanece um mistério. “A resposta honesta é que nenhum de nós sabe o que causa a diferença”, diz Sarah Hawkes, diretora do UCL – Centre for Gender and Global Health, em Londres.
Entre as causas possíveis, do lado dos homens, estão a maior incidência de tabagismo (o que leva a condição respiratória pior e também ao hábito de tocar os lábios com maior frequência), hábitos de higiene piores e resposta imunológica naturalmente mais fraca que a das mulheres (estudos mostram essa diferença também diante do HIV e da hepatite C).
Da Época