Uma família normal. O casal trabalha fora, as crianças vão para a escola, correria do dia a dia, falta de tempo para ficarem juntos e a busca por compartilhar os poucos momentos em total harmonia.
Vem uma pandemia, chega o isolamento, e aquela família que mal se via durante a semana, é obrigada por força das circunstâncias a ficar na mesma casa 24h do dia. Não, não é fácil, e nós sabemos.
Aqueles pequenos contratempos tão comuns no cotidiano acabam sendo super dimensionados. As tarefas domésticas e de cuidados com as crianças não são divididas de forma justa, os conflitos que antes se resolviam ao longo do dia e do distanciamento agora estão ali, na frente de todos.
Uma leitora do Paraíba Feminina, que prefere não se identificar, afirmou que o que mais deseja nesse momento é que o fim do isolamento não traga junto o seu divórcio. “Espero que passe rápido, antes que todas as minhas relações familiares sejam desfeitas”, afirmou. Ela não está sozinha.
Xi’am, de 12 milhões de habitantes, capital da província de Shaanxi, região central da China, registrou um recorde no número de pedidos de divórcio nas últimas semanas, segundo o jornal chinês em língua inglesa The Global Times. Em alguns distritos, todos os horários disponíveis para tratar do tema nos escritórios locais do governo estão tomados por semanas.
Como ainda estamos em período de confinamento, não temos dados sobre o assunto, mas essa perspectiva pode ser considerada real.
A psicóloga do Hapvida em João Pessoa, Danielle Azevedo, explica que o confinamento pode gerar nos casais uma dificuldade para lidar com as adversidades que o próprio distanciamento social impõe.
“O fato de um indivíduo estar confinado, próximo ao cônjuge pode gerar a possibilidade de não saber como lidar com as adversidades que envolvem uma relação, e as adversidades são muitas porque envolvem os filhos, dinheiro, a própria rotina da casa com as quais um dos dois não era acostumado a ter”, esclarece.
Mas há quem pense: eu não tenho filhos. Mas psicóloga lembra que em situações como essas pode ocorrer, por exemplo, de o casal já vir vivendo um acúmulo de problemas não resolvidos e o distanciamento social pode funcionar como uma espécie de gatilho. “Então, toda e qualquer discussão pequena se transforme em um motivo maior pelo fato de o casal estar próximo durante todo o dia”, pontua.
Danielle Azevedo evidencia que rotina não é mesmice, mas sim planejar o dia, horário para desenvolver atividades específicas. A psicóloga lembra também que o confinamento limita alguns indivíduos para algumas atividades e quando o casal não tem o hábito de realizar atividade física em casa ou manter relação sexual, isso, consequentemente, faz com que os hormônios do prazer e bem-estar como serotonina, dopamina tenham uma redução na liberação, fazendo com que o indivíduo fique mais irritado e agressivo.
Home Office – No que diz respeito à prática do Home Office, a psicóloga lembra que quando estamos no trabalho somos apenas o profissional, a partir do momento que o trabalho vem para casa, o sujeito passar a ser quem ele é e pronto. “Daí surgem algumas dificuldades para lidar com o trabalho em casa, porque é chamado atenção por um filho, precisa atender alguma demanda de casa, ou seja, existem alguns detalhes que impedem o sujeito de ser quem ele é no trabalho”, conclui acrescentando que isso também desencadeia conflito.