Apenas metade das mulheres do mundo pode tomar suas próprias decisões sobre consentimento sexual e assistência à saúde, segundo um estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na última semana. A entidade alerta que a limitação desses direitos impedem a igualdade de gênero.
Uma em cada quatro mulheres não é livre para dizer não ao sexo, e uma proporção maior não consegue tomar suas próprias decisões sobre cuidados de saúde, de acordo com o estudo feito pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) que constatou que os direitos das mulheres estão em declínio em alguns países.
Atingir a igualdade de gênero até 2030 era um dos objetivos globais adotados pelas Nações Unidas em 2015 para combater males sociais como pobreza e conflito.
“A capacidade das mulheres de tomar decisões sobre saúde reprodutiva, uso de contraceptivos e relações sexuais é essencial para a igualdade de gênero e o acesso universal à saúde e direitos sexuais e reprodutivos”, disse o UNFPA no relatório.
O estudo analisou o acesso das mulheres aos cuidados de saúde e se elas poderiam tomar suas próprias decisões sobre contracepção, saúde e dizer não ao sexo, afirmou Emilie Filmer-Wilson, consultora de direitos humanos do UNFPA. Apenas 55% das mulheres foram capazes de dizer sim às três perguntas, de acordo com dados da pesquisa coletados em 57 países.
— Se pode tomar essas decisões nas três áreas, essa mulher é vista como empoderada — disse Filmer-Wilson à Thomson Reuters Foundation.
Em um em cada dez países, as mulheres devem ser casadas para obter assistência médica à maternidade, e mais de 25% dos países têm restrições de idade para acesso à contracepção e exigem que as mulheres casadas obtenham o consentimento do marido para um aborto, segundo a pesquisa.
Os fatores que afetam a capacidade das mulheres de tomar sua própria decisão incluem seus níveis de escolaridade, a idade com que se casaram e a opinião de seus maridos, disse Filmer-Wilson.
— Para o público em geral, acho que é um alerta.Temos mais trabalho a fazer em termos de empoderamento das mulheres — afirmou.
A pesquisa também descobriu que três quartos dos países estudados possuíam leis para garantir os direitos das mulheres, mas essas leis podem existir em países com costumes e práticas culturais ou religiosas que restringem seus direitos.
do Jornal O Globo