A rotina escolar por enquanto está paralisada. A brincadeira com os amigos, seja no recreio ou em espaços como parques, brinquedotecas e praça também. A ida à casa dos avós nos fins de semana precisou ser adiada por um tempo. Passeios e viagens estes estão sem data marcada. A mamãe e o papai podem até estar em casa, mas além de compartilhar a atenção com as crianças precisam dar conta dos afazeres domésticos, fazer compras e seguir com o expediente de trabalho em home office.
A verdade é que diante do distanciamento social todos, sofrem os impactos das mudanças de rotina e as crianças também são vítimas de todo esse processo, que em algumas situações se manifestam em forma de estresse tóxico infantil, conforme explica a pediatra do Hospital do Hapvida em João Pessoa, Ivna Toscano.
“Trata-se de uma resposta fisiológica do organismo da criança ao lidar com situações adversas, sem devido apoio de um adulto e ocorre por meio da liberação natural dos hormônios do estresse (cortisol e adrenalina). Podendo trazer consequências a curto prazo, como transtornos do sono, irritabilidade, piora da imunidade, medos; e a médio e longo prazo, como maior prevalência de atrasos no desenvolvimento, de transtorno de ansiedade, de depressão, queda no rendimento escolar e estilo de vida pouco saudável na idade adulta”, esclarece.⠀
A pediatra destaca que brigas constantes, crises de pânico presenciadas, cobranças excessivas, perda de entes queridos, doenças e situações estressantes ou adversas diárias e de forma intensa são fatores que contribuem para o desencadeamento de um estresse tóxico infantil. Ivna Toscano afirma que não existe tratamento e, por isso, a melhor saída é trabalhar de modo preventivo, principalmente neste período de distanciamento social.
Dicas para evitar o estresse tóxico infantil:
· Tentar organizar horários do trabalho de cada um dos pais, tentando intercalar os períodos para os demais afazeres da casa e das crianças;
· Conversar em família é o papel que cada adulto possui em fornecer o suporte para que o estresse não se torne tóxico para as crianças e adolescentes;
· Conversar com os filhos sobre a situação atual, com linguagem simples e adequada para cada idade da criança. As orientações devem ser transmitidas de forma tranquila a fim de evitar a elevação do estresse, do medo e da ansiedade no nível de chegar a comprometer a imunidade e saúde mental dos pequenos;
· Realizar planejamento de agenda dos filhos juntamente com eles, incentivando-os a organizar horários equilibrados para manter as atividades de brincadeiras, estudo, atividade física, sono e tempo de tela – respeitando os limites da rotina saudável -, além dos intervalos de ócio criativo para que a própria criança faça reflexões e brincadeiras que irão ajudá-la a superar esse momento;
· Seja você o modelo de comportamento que espera de seus filhos. Portanto, os pais devem evitar excesso de tela, manter o lar harmonioso e demonstrar de forma assertiva e genuína como lidar com equilíbrio com essa situação adversa só traz benefícios na construção de um cérebro saudável na infância.