Ao lado do Amazonas e de Roraima, o estado teve desempenho considerado médio de acordo com estudo da ONG Open Knowledge Brasil (OKBR), que desde a semana passada avalia a transparência dos dados das políticas contra a Covid-19 dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, além da União, divulgada na tarde desta quinta-feira. No campo geral, 78% dos governos avaliados não apresentaram informações suficientes para o acompanhamento das estratégias contra a pandemia no país.
O índice na semana passada era de 90%, mas, apesar da ligeira melhora, os números indicam que ainda há o que ser aprimorado. Pernambuco continua liderando o ranking nacional e ampliou a vantagem, marcando 90 pontos entre 100 possíveis. O Rio caiu da terceira para a quarta posição.
Para a análise, são levados em conta boletins epidemiológicos, informes e demais dados a partir dos portais oficiais dos governos estaduais e de suas respectivas secretarias de Saúde na internet com base no conteúdo disponibilizado até a manhã da última quinta-feira.
Indicadores importantes para o monitoramento da doença receberam maior atenção nesta semana. O governo federal passou a divulgar o número de testes do novo coronavírus realizados por estado — embora apenas o Amazonas tenha detalhado a informação em seus portais oficiais. Além disso, dez estados divulgaram o número de internações por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SARG), referencial importante para estimar a subnotificação da Covid-19. Na semana passada, eram apenas quatro.
O detalhamento dos casos suspeitos, no entanto, continua a desejar na maior parte dos estados. Pela segunda semana seguida, o Pará não pontuou, e o Amapá, que também havia ficado na lanterna da lista, registrou apenas 10 pontos. Além disso, Pernambuco continua sendo o único estado a ser classificado com um nível alto de transparência, embora Maranhão, Rio Grande do Norte e São Paulo tenham demonstrado uma melhora muito expressiva no desempenho.
Entre as administrações nordestinas, enquanto o primeiro estado passou a detalhar a localização dos casos de Covid-19 por bairro e a informar a ocupação de leitos em uma plataforma na internet, o segundo abriu o formato de sua base de dados e disponibilizou pela primeira vez o detalhamento de todos os registros, os chamados microdados.
Já no caso de São Paulo, que subiu da décima posição para o terceiro lugar, contou a divulgação de boletins epidemiológicos detalhados e a inserção dos dados em um painel de formato aberto na internet.
Além do detalhamento de informações, como idade, sexo e hospitalização dos brasileiros diagnosticados, foram avaliadas a oferta e ocupação de leitos, bem como a quantidade de testes disponibilizados e realizados e o formato das plataformas onde as informações podem ser acessadas (como código aberto e planilhas editáveis, por exemplo), além do grau de detalhamento por municípios e bairros.
É o que explica, por exemplo, a queda do Ceará, ex-vice-líder da lista, que agora figura em quinto lugar — a maior queda do ranking. O governo cearense deixou de disponibilizar os dados ligados ao Sars-CoV-2 no estado em formato aberto, o que atrapalha a automatização de análises dos números, explica Fernanda Campagnucci, diretora-executiva da OKBR, o que justiifca o peso do critério.
Pará segue na lanterna
A União ganhou 16 pontos por detalhar os boletins e por ter disponibilizado um sistema com a quantidade de leitos e insumos disponíveis, mas cresceu apenas uma posição. O Rio, por sua vez, caiu no ranking, segundo a OKBR, por não ter tornado público o status das hospitalizações no estado, embora a informação tenha sido divulgada em boletins anteriores. Oito estados tiveram desempenho médio, incluindo Minas Gerais, e a transparência de seis outros foi classificada como baixa, como é o caso do Distrito Federal.
O pior desempenho está entre os estados “opacos”, que, na avaliação da ONG, precisam avançar consideravelmente na publicação de dados. São, ao todo, sete, incluindo Pará, o último na lista.
Na última semana, a OKBR informou que sua metodologia não abarca conteúdos publicados nas redes sociais. Apesar de reconhecer “os esforços dos gestores em utilizar redes sociais e aplicativos para incrementar a comunicação com a população”, a organização defende que sites são plataformas mais acessíveis e democráticas, além de mais intuitivas. Além disso, chamou atenção para a gestão dos perfis das redes sociais por empresas privadas.
“Esses aspectos são particularmente importantes para pessoas e entidades que estão conduzindo pesquisas sobre a pandemia do novo coronavírus em todo o país e precisam coletar dados com confiança e agilidade”, segundo informou a OKBR em nota técnica.
Confira o ranking completo:
1. Pernambuco – 90 (Alto)
2. Maranhão – 71 (Bom)
3. São Paulo – 69 (Bom)
4. Rio de Janeiro – 62 (Bom)
5. Ceará – 60 (Bom)
Rio Grande do Norte – 60 (Bom)
6. Rio Grande do Sul – 55 (Médio)
7. Governo federal – 52 (Médio)
8. Tocantins – 48 (Médio)
Minas Gerais – 48 (Médio)
9. Mato Grosso do Sul – 43 (Médio)
Mato Grosso do Sul – 43 (Médio)
10. Amazonas – 40 (Médio)
Paraíba – 40 (Médio)
Roraima – 40 (Médio)
11. Rondônia – 38 (Baixo)
12. Bahia – 33 (Baixo)
13. Alagoas – 31 (Baixo)
14. Piauí – 29 (Baixo)
15. Distrito Federal – 26 (Baixo)
16. Paraná – 24 (Baixo)
17. Goiás – 19 (Opaco)
18. Santa Catarina – 17 (Opaco)
19. Acre – 14 (Opaco)
20. Sergipe – 12 (Opaco)
21. Amapá – 10 (Opaco)
Espírito Santo – 10 (Opaco)
22. Pará – 0 (Opaco)
do Jornal O Globo