Texto de Regina Navarro, publicado no site Universa
A quarentena decretada por causa do coronavírus levou a um significativo aumento das vendas de objetos para o prazer sexual em vários países, inclusive no Brasil. Na Itália as vendas subiram 60% acima do previsto e na França, 40%. Nos Estados Unidos, o aumento chega a 75%, no Canadá a nada menos que 135%. Em Hong Kong as vendas de sex toys cresceram 71%. As mulheres são as principais consumidoras.
Mulheres buscarem o prazer sexual foi tabu durante um longo período. No século 19, Lord Acton, famoso médico inglês, expressou o ponto de vista oficial da época: “Felizmente para a sociedade, a ideia de que a mulher possui sentimentos sexuais pode ser afastada como uma calúnia vil.”
O prazer sexual das mulheres era inaceitável. A falta de desejo sexual era um importante aspecto da feminilidade. O neuropsiquiatra alemão Krafft-Ebing, estudioso da patologia sexual, encarava a sexualidade como uma espécie de doença repugnante.
Sobre as mulheres, ele era categórico: “Se ela for normalmente desenvolvida e mentalmente bem criada, seu desejo sexual será pequeno. Se assim não fora, o mundo todo se transformaria num prostíbulo e o casamento e a família, impossíveis. Não há dúvida de que o homem que evita as mulheres e a mulher que busca os homens são anormais.”.
Estamos no século 21, mas a partir dos relatos que ouvi no consultório e das mensagens que recebi, ficou claro que muitas mulheres tinham vontade de utilizar objetos vendidos em sex shops, mas não tinham coragem de comprá-los.
Entretanto, a situação de isolamento em que vivemos mostra que as coisas estão mudando. As mulheres estão deixando a vergonha de lado e partem decididas em busca do seu prazer. O que será que Lord Acton e Krafft-Ebing diriam?