1º de maio.
Dia Internacional do Trabalho. Alguns preferem chamar Dia do Trabalhador, o que é justo, uma vez que devemos homenagear o sujeito, e não a ação.
Chega a ser irônico que o planeta nos presenteie com um 1º de Maio em plena pandemia. Ao longo desses dias de quarentena, vimos como a força do trabalhador e da mão de obra é importante. E aquela velha falácia de que quem faz a economia girar é o empresário cai por terra. Quem faz a economia girar é o trabalhador: que produz, que consome.
Pudemos ver o quanto os empresários são reféns de funcionários mal pagos. Pudemos, pela primeira vez na história, que os empregadores se preocupam com “desemprego e fome”, e isso seria ótimo, se fosse verdade. Desemprego, fome e desigualdade social sempre existiram, mas se potencializaram, e só agora, quando as empresas estão fechadas e não há alternativa, os “grandes” empregadores do Brasil perceberam que o discurso de se não quiser, tem quem queira, não vai fazer efeito.
Patéticas carreatas pedindo a reabertura do comércio em defesa da economia e dos empregos… protestar dentro do carrão com ar condicionado para que seu funcionário trabalhe e você ganhe dinheiro… Coagir seus funcionários a se ajoelharem na calçada fazendo uma “oração” para que você possa trocar de carro no final do ano...
É assim que o trabalhador é visto hoje, como uma engrenagem apenas. Ele não é mais um sujeito. Ele precisa produzir, gerar lucro. Não pode pensar, adoecer, chorar, sentir dor, medo ou raiva. Ele não está lá pra isso. Quem se importa?
Agora é preciso que se importem. A loja que vende sapatos a R$ 400 vai precisar repensar a forma como trata suas funcionárias.
O 1º de Maio de 2020 abre uma reflexão sobre o tipo de sociedade e o tipo de trabalhador que teremos no futuro. Aqueles que conseguirem resistir à doença, ao desemprego e à fome, terão pela frente o desafio de realinhar a relação entre os donos dos meios de produção. Nada mais será como antes, e as relações de trabalho serão as mais atingidas, para o bem ou para o mal.
Taty Valéria